Um alarmante estudo do Banco Mundial indica que cerca de 97% da água disponível no planeta, que poderia ser reusada, é desperdiçada. Esse cenário é ainda mais preocupante diante dos dados da ONU, que revelam que mais de 2 bilhões de pessoas enfrentam stress hídrico em diferentes regiões do mundo.
No Brasil, estudo recente do Instituto Trata Brasil mostra que aproximadamente 33 milhões de cidadãos não têm acesso à água potável, um fator que contribui significativamente para a crise hídrica. As principais causas desse desperdício incluem desvios irregulares, vazamentos e falhas na medição de hidrômetros.
Em 2022, o Brasil perdeu mais de 7 bilhões de metros cúbicos de água, o que equivale a mais de 7,6 mil piscinas olímpicas. Essa quantidade revela a urgência de soluções para a gestão eficiente dos recursos hídricos no país.
O professor de Engenharia Sanitária e Meio Ambiente da UERJ, Marcelo Obraska, propõe alternativas que podem ser implementadas nas áreas urbanas para mitigar o problema. Segundo ele, “é fundamental aprimorar a micromedição e macromedição, além de identificar e combater as perdas, tanto físicas quanto as relacionadas ao faturamento”.
Ele sugere também a troca preventiva de tubulações e componentes menos eficientes, visando evitar vazamentos que podem se agravar ao longo do tempo. A fiscalização e a conscientização da população são pilares essenciais nesse processo.
Obraska destaca ainda a importância de investir em tecnologias de dessalinização em regiões onde essa seja a única alternativa viável. Além disso, ele enfatiza que o tratamento e a reutilização da água devem ser priorizados, já que o esgoto muitas vezes chega a estações de tratamento sem ter passado pelo devido cuidado.
“Estamos desperdiçando uma água que poderia ser reutilizada após tratamento, destinando-a para fins menos nobres, como a lavagem de equipamentos e combate a incêndios”, argumenta Obraska, ressaltando que esse desperdício ocorre mesmo em contextos de escassez hídrica.
Além das indústrias, o professor aponta a agricultura como outro grande consumidor de água, onde a irrigação inadequada provoca perdas significativas, já que a água pode evaporar ou se disperse no ar, dificultando seu reaproveitamento. Essa situação acentua a necessidade de práticas agrícolas que respeitem os limites dos recursos hídricos.