A Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, enfrentou a perda alarmante de 52 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 40 anos, o que equivale a uma área maior que a França. Este dado preocupante foi evidenciado pelo relatório do Mapbiomas, divulgado nesta segunda-feira, 15 de outubro.
A pesquisa realizada pela rede colaborativa, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, examinou o uso do solo na Amazônia brasileira entre 1985 e 2024. O monitoramento revela que, no período analisado, a cobertura vegetal da floresta sofreu uma diminuição de 13%, resultado da conversão de áreas para atividades humanas. Assim, em 2024, a Amazônia já apresentava uma perda total de 18,7% de sua vegetação nativa, com 15,3% desses espaços convertidos para uso por setores como pecuária, agricultura e mineração.
Os dados também mostram uma aceleração preocupante na transformação da cobertura do solo. As pastagens que ocupavam 12,3 milhões de hectares em 1985, saltaram para impressionantes 56,1 milhões de hectares em 2024, evidenciando o impacto das práticas agrícolas e de utilização da terra na região. A agricultura, em particular, cresceu significativamente, ocupando uma área 44 vezes maior comparada a quatro décadas atrás, passando de 180 mil hectares para 7,9 milhões de hectares. A soja, um dos principais produtos cultivados, ocupa atualmente 5,9 milhões de hectares. Em paralelo, a mineração também apresentou crescimento, aumentando de 26 mil hectares para 444 mil hectares durante o mesmo período.
Causas do Desmatamento
Os pesquisadores do Mapbiomas destacam que a Amazônia brasileira se aproxima do limite crítico de 20 a 25% de desmatamento, uma faixa que pode levar ao colapso do bioma, tornando impossível a sustentação da floresta. O avanço das atividades humanas na região representa um risco sério para a biodiversidade e para o clima global.
Medidas em Andamento
O governo federal brasileiro tem implementado diversas iniciativas para mitigar o desmatamento, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Entre as ações, foi criada a Comissão Interministerial de Prevenção e Controle do Desmatamento, que reúne 19 ministérios e busca coordenar as ações de fiscalização e políticas de proteção ambiental. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) realiza o monitoramento em tempo real da Amazônia, identificando uma possível queda de até 45,7% nos alertas de desmatamento em 2023 e 2024.
Adicionalmente, o governo reativou o Fundo Amazônia, destinado ao financiamento de projetos de preservação, com investimentos de R$ 318,5 milhões em 2022 para fortalecer a segurança da região. A meta do governo é erradicar o desmatamento ilegal até 2030, enfrentando desafios como a expansão das fronteiras agrícolas e atividades de garimpo ilegal.
Em um cenário onde o equilíbrio ambiental se torna cada vez mais crítico, as ações de preservação e monitoramento da Amazônia são essenciais para garantir a sustentabilidade deste bioma vital.