Frigoríficos da Amazônia que assinaram o Termo de Ajustamento de Conduta da Carne Legal, comprometendo-se a evitar o comércio de gado de áreas desmatadas ilegalmente, apresentaram um surpreendente índice de apenas 4% de irregularidades em suas operações. Em contraste, aqueles que não se comprometem com o termo mostraram um alarmante índice de 52% de irregularidades, uma discrepância de 13 vezes maior.
As auditorias, divulgadas nesta quarta-feira (14/5), avaliaram o cumprimento de critérios socioambientais por 89 frigoríficos nos seis estados da Amazônia, focando nas compras de gado realizadas em 2022. No Pará, onde há a maior concentração de frigoríficos com acordos firmados, 15 empresas concluíram o processo de auditoria, representando mais de 80% do volume de gado da região. Nessas, o índice de irregularidades foi inferior a 9%. Em contrapartida, as empresas sem auditoria enfrentaram quase 60% de irregularidades.
Além disso, procuradores revelaram informações sobre o monitoramento de fornecedores indiretos. Entre 2020 e 2021, foi constatado que 38% do gado de fornecedores indiretos estava em conformidade, enquanto 27% apresentava potencial de não-conformidade. Alarmante, 35% não se registraram no Cadastro Ambiental Rural, indicando práticas relacionadas ao desmatamento, embargos e trabalho escravo.
Para estimular a adesão dos frigoríficos aos compromissos estabelecidos, o Ministério Público Federal (MPF) planeja solicitar aos órgãos ambientais que realizem fiscalização prioritária nas empresas que não passaram por auditoria. Além disso, está em desenvolvimento um protocolo para rastrear fornecedores indiretos de carne.