A Caatinga, um bioma único do Brasil, emerge como uma peça-chave para a transição energética do país, segundo um novo estudo do Mapbiomas, divulgado na última quinta-feira (18). A iniciativa, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, analisa as mudanças no uso da terra em território brasileiro.
Este bioma abriga quase dois terços das áreas destinadas a usinas fotovoltaicas no Brasil. Em 2022, mais de 21 mil hectares da Caatinga estavam ocupados por essas instalações solares, evidenciando seu potencial para energias renováveis.
O professor Washington Rocha, coordenador da equipe Caatinga do MapBiomas, destaca que a expansão das usinas solares está se deslocando de Minas Gerais rumo à Região Nordeste, onde as condições de insolação são mais favoráveis. “Apesar de Minas Gerais ainda conter o maior número de usinas, os dados mostram uma tendência crescente na instalação dessas usinas nos estados nordestinos, que apresentam um maior potencial de energia solar”, afirma Rocha.
No entanto, a rápida instalação de usinas na Caatinga gera preocupações. Nas últimas quatro décadas, o bioma perdeu 14% de sua cobertura original, principalmente devido à expansão da agropecuária, que ocupa mais de um terço de sua área. Essa perda compromete a biodiversidade e a funcionalidade do ecossistema, alerta a equipe de Rocha.
“Acreditamos na importância de restaurar áreas degradadas e aumentar as zonas protegidas, garantindo assim a funcionalidade do bioma sem comprometer o desenvolvimento econômico e social”, diz o professor. Para isso, os dados do MapBiomas são cruciais para a localização estratégica de novas usinas fotovoltaicas, priorizando áreas já degradadas e preservando as zonas naturais, especialmente aquelas próximas a áreas de conservação, que representam 10% da Caatinga.