Atualmente, o estado do Ceará dispõe de 3.226 hectares da Caatinga destinados a usinas de energia solar. Dados da iniciativa MapBiomas revelam que o Ceará ocupa a quarta posição no Brasil em área dedicada a instalações fotovoltaicas, apenas atrás de Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte.
Daniel Fernandes, diretor-executivo da Associação Caatinga, alerta sobre os impactos dessa expansão: “Estamos enfrentando a perda de serviços ecossistêmicos que a floresta em pé oferece. Essa vegetação é fundamental para a regulação climática, a produção de água, a fertilidade do solo e a biodiversidade local. Preservar a Caatinga é essencial para garantir um desenvolvimento econômico e social sustentável, que beneficie tanto as gerações atuais quanto as futuras. Embora a transição energética seja necessária, precisamos de alternativas que ajudem a combater o desmatamento.”
A Caatinga abriga cerca de 62% das usinas solares do Brasil, totalizando 21.800 hectares afetados pelo setor. Fernandes destaca a situação crítica do bioma: “Mais da metade da Caatinga já foi desmatada e 89% da área enfrentou algum tipo de intervenção humana. Hoje, apenas 11% mantém florestas intactas. Além disso, somente 9% do território da Caatinga está protegido por unidades de conservação. É fundamental que as comunidades do semiárido nordestino sejam incluídas nesse processo de transição energética, para garantir que ela seja justa e promova bem-estar e geração de renda.”
O desmatamento também provoca a morte de fauna local ou a migração para outras áreas, gerando perda de habitat. Para mitigar esses efeitos, Fernandes propõe que “políticas públicas e incentivos sejam criados para que os projetos de energia solar sejam instalados em áreas já degradadas”.
No Ceará, aproximadamente 72,3% das áreas de Caatinga com usinas solares são formadas por vegetação de pequeno porte, como savanas. Essa realidade reafirma a necessidade urgente de uma gestão responsável e sustentável do bioma.