Matéria por Estradas e Lentes
Na calmaria do sudoeste goiano, entre paisagens de tirar o fôlego, lá está ela: a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, em Caiapônia. Não é só um templo. É um marco. Um símbolo de fé que sobreviveu ao tempo, abrigando histórias que atravessam gerações.
A equipe do Estradas e Lentes esteve lá — com os pés na terra vermelha, a câmera apontada pro alto e o coração aberto pra captar a alma de um dos berços espirituais mais antigos de Goiás.
Tudo começou em 1845, quando o casal José do Carmo Goulart de Andrade e Maria Leopoldina Junqueira Vilela chegou na região trazendo com eles a tradição mineira, a fé no Divino e um sonho de criar comunidade. Eles ergueram a primeira capela onde hoje pulsa o coração de Caiapônia. Não foi só uma construção. Foi um gesto de pertencimento, doação e visão.
A área escolhida ficava na Fazenda Torres do Rio Bonito, um lugar estratégico com água farta, vegetação generosa e uma vista frontal para o “Gigante Adormecido” — formação rochosa que, desde então, se tornou sentinela silenciosa do vilarejo.
Os doadores cederam cerca de 700 alqueires de terra, e assim nascia o povoado de Torres do Rio Bonito, que mais tarde se tornaria o município de Caiapônia. A igreja cresceu junto com a cidade, sendo testemunha da transição de capela para matriz, e da transformação de um povoado em município, lá em 1873.
Por dentro, a Matriz tem o aconchego de uma casa antiga. Madeira trabalhada, vitrais coloridos, bancos com cheiro de cera e histórias ecoando pelas paredes. Tudo ali respira devoção — especialmente no altar-mor, onde está a imagem de Nossa Senhora de Montserrat, trazida da Espanha em 1913. A santa passou por uma restauração em 2017, mas mantém a imponência original, como se dissesse: “estou aqui há mais de um século, firme com vocês.”
Cada detalhe da igreja reflete a identidade de Caiapônia. E não estamos falando de passado engessado, não — mas de memória viva, que pulsa nas celebrações, nas festas do Divino e na fé do povo.
A Matriz não é só um espaço de culto. É ponto de encontro, é referência visual, é roteiro certo pra quem quer entender o espírito de Caiapônia. Está no centro da cidade, como uma bússola que orienta quem chega e acolhe quem parte.
Na visita do Estradas e Lentes, captamos mais do que imagens: sentimos a força simbólica que essa igreja representa. Ali, o sagrado e o cotidiano andam lado a lado. E cada morador tem uma história pra contar, um batizado pra lembrar, uma promessa pra agradecer.
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