Rio de Janeiro (RJ) – Durante a coletiva de imprensa de encerramento da Abav Expo 52, foi revelado o Censo Abav 2025, um estudo abrangente que investiga o mercado de agenciamento de viagens no Brasil. Coordenado por Mariana Aldrigui, professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) na área de turismo urbano, o levantamento fornece insights sobre o perfil, as práticas e os desafios enfrentados pelas agências afiliadas à Abav Nacional, ressaltando um setor resiliente e diversificado em constante evolução.
Os resultados indicam que o turismo brasileiro é amplamente sustentado por micro e pequenas empresas, que muitas vezes são geridas diretamente por seus proprietários. Aproximadamente 44% das agências possuem entre 2 e 4 funcionários, enquanto 27,5% são geridas apenas pelo proprietário. Além disso, 17,4% têm equipes de 5 a 10 colaboradores e 10,3% empregam até 50 pessoas. Somente 0,8% das agências possuem mais de 50 funcionários, evidenciando o caráter empreendedor desse segmento.
Com relação ao porte, o estudo revela que 46,3% das empresas são microempresas, enquanto 21,3% se classificam como microempreendedores individuais (MEI) e 25,7% são pequenas empresas. Apenas 6,1% se enquadram como empresas de médio porte e apenas 0,5% como grandes.
Lazer domina, mas segmentos receptivos e corporativos estão em ascensão
Conforme o Censo Abav 2025, o turismo de lazer, tanto individual quanto familiar, continua a ser o segmento mais forte do agenciamento de viagens no Brasil. As agências de lazer representam 62,7% das agências associadas, seguidas por agências receptivas (18,1%), agências corporativas (11,1%) e DMC/incoming (1,5%). Contudo, a Abav observa que o crescimento das operações receptivas e corporativas é resultado da profissionalização e do fortalecimento do turismo doméstico, elemento chave para a recuperação do setor pós-pandemia.
Adaptação e diversificação como motores da recuperação
Os dados do censo ressaltam a habilidade do setor em se adaptar e diversificar. A maioria das agências atua em vários segmentos, combinando diferentes nichos de mercado e aproveitando as sazonalidades. Dentre as principais tendências identificadas, destaca-se a incorporação de experiências locais e turismo doméstico, a especialização em nichos premium — como luxo, lua de mel e gastronomia — e a consolidação de estratégias de menor volume e maior ticket médio.
Além disso, a resiliência pós-pandemia é um fator crucial. Muitas empresas aumentaram seu foco em diferentes públicos e destinos, tornando-se agências generalistas que priorizam o atendimento regional, com ênfase na flexibilidade e na diferenciação na oferta de produtos.
Tendências de nicho e comportamentos emergentes
O Censo delineou cinco principais tendências nas operações das agências associadas à Abav:
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Ofertas consolidadas: sol e praia, turismo cultural e histórico permanecem na liderança da oferta nacional.
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Novos nichos em crescimento: natureza, ecoturismo e aventura, gastronomia, turismo para a terceira idade, casamentos, lua de mel e turísticos religiosos.
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Luxo e eventos esportivos: demonstram uma intersecção entre turismo e economia criativa, enfatizando propósito e estilo de vida.
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Agências multifocais: que combinam segmentos como MICE, cruzeiros e luxo, fortalecem seu papel como curadoras de experiências integradas.
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Estratégias de diversificação: aumentam a competitividade e estimulam a inovação sem elevação de custos operacionais.
A Abav planeja expandir o Censo 2025 em uma terceira fase, incluindo dados sobre faturamento, ticket médio e volume de passageiros. Essas informações servirão de base para políticas públicas e estratégias de mercado que visem a capacitação, digitalização e sustentabilidade do setor de agenciamento de viagens.
“O Censo oferece uma visão atual e precisa do nosso setor, evidenciando a força das pequenas empresas e sua capacidade de adaptação, além do papel essencial das agências na promoção de negócios e experiências”, afirmou Jerusa Hara, diretora executiva da Abav, durante a apresentação dos dados.