O Brasil está prestes a iniciar uma importante iniciativa para a preservação de seu vasto patrimônio espeleológico. Através do Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro (PAN Cavernas do Brasil), a meta é mapear as cavidades naturais que possuam características históricas, culturais e religiosas, além de promover um uso sustentável desses valiosos ambientes. Atualmente em fase piloto, o projeto já aponta para cavernas em Goiás, onde foram identificados registros rupestres e sepultamentos humanos com cerca de 12 mil anos.
A iniciativa é conduzida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em colaboração com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav). A criação de um Grupo de Trabalho, coordenado pelo CNA/Iphan, incluirá representantes de todas as regiões do país. As atividades estão programadas para começar no início de setembro, com a participação de dez servidores do Iphan e dois do ICMBio/Cecav.
No estágio inicial, o mapeamento será fundamentado em dados e informações já existentes, buscando integrar informações sobre sítios arqueológicos e cavernas. Um estudo de caso piloto também será realizado em uma área ainda a ser escolhida, a fim de testar os métodos e diretrizes estabelecidas pelo GT.
A diversidade de cavernas no Brasil, como as do Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG), e as do Vale do Ribeira (SP), é impressionante. Entretanto, essas cavidades enfrentam ameaças constantes, como vandalismo, turismo descontrolado, mineração e pressões fundiárias. A proteção desses locais é vital para a preservação da memória nacional, ciência e valorização do território, conforme destaca o arqueólogo do Iphan, Danilo Curado, responsável pela articulação do PAN Cavernas do Brasil.
O projeto prevê a elaboração de dois produtos principais: um manual de boas práticas e um fluxograma. O manual tem como objetivo fornecer diretrizes claras para turismo responsável em cavernas com sítios arqueológicos. Este documento será útil para orientar turistas, guias, prefeituras e comunidades, visando mitigar impactos e promover a educação ambiental. Já o fluxograma facilitará a ação pública ao estabelecer um procedimento técnico-operacional entre Iphan e ICMBio, garantindo que as decisões sobre a relevância histórica e cultural das cavernas sejam amparadas pela expertise do Iphan.