Cerrado perde 249 mil hectares de rios e lagos em 40 anos, refletindo grave crise hídrica no bioma brasileiro

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Cerrado perde 249 mil hectares de rios e lagos em 40 anos, refletindo grave crise hídrica no bioma brasileiro

Dados recentes do MapBiomas revelam que o Cerrado do Brasil sofreu uma drástica redução de 249 mil hectares em superfície natural de água nos últimos 40 anos, o que equivale à área de 16 estádios do Maracanã. Essa queda foi divulgada nesta quarta-feira e reflete preocupações ambientais significativas no bioma, conhecido como o “berço das águas” do país.

Enquanto a área coberta por rios e lagos apresenta uma diminuição, o uso humano, que inclui reservatórios e aquicultura, representa agora 60% da superfície hídrica da região. Essa alteração provoca um potencial aumento na aridez do Cerrado. Segundo Bárbara Costa, analista do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e integrante da equipe do MapBiomas dedicada ao Cerrado, essas mudanças podem comprometer o equilíbrio hídrico local e regional.

“A combinação de desmatamento com a redução de água natural sugere um Cerrado mais seco, impactando a disponibilidade hídrica não apenas para consumo humano e atividades agrícolas, mas também para os ecossistemas em cenários futuros de mudanças climáticas”, afirma Costa.

Desde 1985, o Cerrado perdeu mais de 40 milhões de hectares de vegetação nativa, uma área superior ao estado da Bahia. O desmatamento se intensificou especialmente nos últimos dez anos, notadamente na região do Matopiba (que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde ainda existem significativas áreas de cerrado preservadas, como aponta a pesquisadora.

“Essa região abriga grandes extensões de vegetação nativa intacta. Quase metade do Cerrado restante está localizada lá, e é também onde a agricultura e a pecuária têm avançado mais rapidamente, contribuindo para o aumento do desmatamento”, destaca a especialista.

Além disso, o levantamento indica que em 2024 foram perdidos 1,5 milhão de hectares de vegetação nativa no Cerrado, evidenciando que a agropecuária continua sendo a atividade que mais ocupa território nesse bioma.

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