Aconteceu no último dia 30 de agosto, no Jardim Florença 1 em Goianira, a encenação de “Olubajé: o Banquete do Rei”, peça musical realizada pela Comunidade Opará, formada pelo Ilê Axé Omim Opará e Jurema. O evento integra um conjunto de ações desenvolvidas ao longo dos anos com o objetivo de preservar e fortalecer as tradições culturais dos povos de terreiro, povos originários e da comunidade periférica local.
O bairro, situado na região leste da cidade e carente de equipamentos culturais, vem recebendo da Opará atividades contínuas que incluem aulas de dança, música, corte e costura e gastronomia afro-brasileira. Essas oficinas têm sido fundamentais para moradores em diferentes situações sociais, incluindo homens e mulheres cis e trans, pessoas negras, integrantes da comunidade LGBTQIAPN+, idosos e mulheres em situação de violência doméstica. Para muitas dessas pessoas, as atividades culturais se tornaram uma alternativa real de apoio emocional, convivência e construção de identidade.
Nossa equipe de jornalismo esteve presente na encenação e presenciou algo emocionante, pois eram pessoas comuns se esforçando para atuar da melhor forma, transmitindo muita responsabilidade e comprometimento.

Desde 2023 a Comunidade Opará encena a peça de forma modesta devido à ausência de apoio financeiro. Apesar das limitações, a apresentação desta edição evidenciou organização, disciplina e uma forte entrega coletiva. A narrativa mitológica de um rei africano, que compõe o enredo do espetáculo, é tratada com seriedade e respeito pelos participantes, reforçando a importância da memória e da ancestralidade no contexto social local.
A responsável pela Opará, Marissandra Ferreira da Silva, afirma que a meta até 2026 é garantir apoio financeiro por meio de patrocínios empresariais ou recursos estatais. A intenção é levar o espetáculo para praças e espaços públicos de Goianira, ampliando o acesso à arte e oferecendo atividades culturais para milhares de pessoas que vivem nas periferias e que, muitas vezes, não têm acesso aos grandes e caros espetáculos do circuito cultural goiano.
A iniciativa reforça que projetos comunitários têm potencial para transformar ambientes e fortalecer laços sociais, especialmente em territórios historicamente negligenciados pelo poder público.

