Sem consenso, a Conferência Global da ONU sobre poluição plástica foi encerrada em Genebra, Suíça, na última sexta-feira (15) sem um acordo, e as tratativas para um tratado global sobre plásticos foram adiadas por tempo indeterminado, em meio a críticas sobre a influência da indústria petroquímica e ao agravamento da crise ambiental que atinge oceanos e ecossistemas terrestres. O evento, na cidade europeia, ganhou relevância por seu impacto social e por envolver governos e instituições internacionais.
O impasse ocorre em um ano de debates globais sobre resíduos, políticas ambientais e governança, com reflexos diretos no Brasil em 2024. No país, organizações da sociedade civil e gestores públicos alertam para a necessidade de fortalecer a gestão pesqueira, reduzir a poluição e mitigar danos socioambientais, temas centrais para o evento e para o noticiário de cidades costeiras e ribeirinhas.
Impasses em Genebra
As delegações foram incapazes de fechar um texto comum que balize a redução da produção, o controle de resíduos e a responsabilidade de fabricantes. As negociações foram oficialmente adiadas, sem data definida, o que mantém indefinidos os próximos passos do processo diplomático conduzido no âmbito da ONU.
Pressões e obstáculos
Organizações ambientais apontam a participação crescente de representantes da indústria petroquímica nas reuniões como um dos fatores que têm travado avanços. Essa pressão ocorre em paralelo ao aumento da poluição por plásticos nos mares e em ambientes terrestres, com efeitos sobre biodiversidade, segurança alimentar e economia local.
Brasil em foco: auditoria da pesca
No país, a Oceana reforçou a urgência de respostas ao lançar a 5ª edição da Auditoria da Pesca, documento que avalia a governança e a transparência do setor. O relatório evidencia falhas estruturais e a necessidade de fortalecer a gestão, com atuação coordenada de instituições públicas e privadas.
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Segundo a Oceana, 92% das espécies marinhas demandam planos de proteção imediatos.
Metade das pescarias brasileiras ainda opera sem qualquer tipo de monitoramento.
Crise climática e apoio emergencial
Os efeitos da emergência climática agravaram a situação da pesca no país. Em 2024, o governo federal destinou quase R$ 1 bilhão para auxílio emergencial extraordinário a pescadores artesanais da região Norte, em vulnerabilidade por causa da grave estiagem. A medida busca preservar renda, segurança alimentar e continuidade das atividades em comunidades tradicionais.
Vozes da Amazônia
Entre as histórias que ilustram o cenário, está a de Josana Pinto da Costa, pescadora artesanal de Óbidos (PA) e integrante do Movimento de Pescadoras e Pescadores Artesanais do Brasil (MPP). Desde 1993, ela vive na comunidade de Amador, às margens do Rio Amazonas, e atua na defesa de direitos da categoria diante de desafios cada vez maiores, que combinam pressões ambientais e socioeconômicas.