A memória da literatura de cordel é evocado neste mês de novembro, quando comemoramos o legado de Leandro Gomes de Barros, autor de “Os Homens da Mandioca”, um dos poemas mais emblemáticos deste gênero. Nascido em Pombal, na Paraíba, no ano de 1865, ele é reconhecido como o pai do cordel e é celebrado no Dia do Cordelista, em 19 de novembro.
Barros inovou ao criar poemas que não apenas respeitam a métrica, mas também contam histórias por meio de versos rimados. Sua contribuição para a literatura foi tão significativa que, segundo a pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa, Sylvia Nemer, ele foi o primeiro a imprimir e publicar folhetos de cordéis em 1895. Ele revitalizou a tradição oral, traduzindo em versos as narrativas dos ciclos culturais que permeavam sua região.
A paixão de Barros pela narrativa o levou a reproduzir o cotidiano de sua sociedade, capturando o imaginário da população. Os folhetos, com ilustrações em preto e branco, eram pendurados em varais, ganhando o nome de “cordel” devido à sua exposição popular. O rápido crescimento deste tipo de literatura se deve, em parte, a inovações na tipografia e ao uso do ferroviário para distribuição, conforme explica Sylvia Nemer. Isso criou um sistema sólido que facilitou o desenvolvimento da literatura de cordel em várias regiões do Brasil.
As obras de Leandro não apenas inspiraram outros autores, como Ariano Suassuna, responsável pelo celebradíssimo “Auto da Compadecida”, mas também influenciaram a estética do cinema brasileiro. Essa riqueza cultural foi oficialmente reconhecida em 2018, quando o IPHAN declarou a literatura de cordel como patrimônio cultural imaterial do Brasil, destacando sua importância na construção da identidade nacional.

