Na quinta-feira (11), o dólar fechou sua cotação a R$ 5,35, sinalizando uma queda de 0,69% e atingindo o menor valor desde junho de 2024. Esta foi a terceira sequência de desvalorização da moeda americana no mercado brasileiro, em um cenário que contrasta com o desempenho no exterior, onde o dólar se valorizou frente a outras moedas.
Vários fatores, tanto políticos quanto econômicos, contribuíram para a queda da moeda americana no Brasil. A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão, além de sua inelegibilidade por oito anos, foi vista pelo mercado como um passo em direção a uma maior previsibilidade eleitoral. Essa percepção ajudou a reduzir incertezas de médio e longo prazos. Adicionalmente, a pesquisa do Ipsos-Ipec, que indicou um aumento na avaliação positiva do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, reforçou a ideia de estabilidade no cenário político.
Por outro lado, no campo econômico, a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) revelou uma alta de 0,26% em julho, número que ficou abaixo das expectativas do mercado. Esse resultado foi decisivo para a queda nas taxas de juros futuros e incentivou um crescimento no fluxo de investimentos para a bolsa de valores, que fechou em alta de 1,69%, alcançando 137.914 pontos, nível mais elevado desde julho.
No cenário internacional, as atenções estavam voltadas para os Estados Unidos. Dados recentes de inflação que se mantiveram dentro das previsões aumentaram as expectativas de que o Federal Reserve (Fed) possa iniciar um ciclo de cortes na taxa de juros em breve. A confirmação desse movimento poderia tornar o real ainda mais atraente para investidores, já que a Selic permanece em 15% ao ano, oferecendo uma das melhores taxas de retorno globalmente.
O economista André Valério, do Banco Inter, destacou que a combinação de altas taxas de juros no Brasil e a possível flexibilização monetária nos EUA favorece a entrada de capital estrangeiro no país. “O real hoje se destaca como uma das moedas com maior carry do mundo. Se o Copom mantiver a Selic no atual patamar enquanto o Fed começa a realizar cortes, a tendência é de apreciação do real no curto prazo”, afirmou Valério.
Esse conjunto de fatores demonstra como a economia brasileira responde a mudanças políticas e externas, refletindo na cotação do dólar e no apetite dos investidores. A manutenção da estabilidade econômica e política é essencial para o futuro próximo do mercado nacional.