O recém-lançado romance Meridiana, da autora Eliana Alves Cruz, mergulha na realidade da desigualdade social enfrentada pela população negra e pobre no Brasil. O livro, publicado pela Cia das Letras, traz uma narrativa que toca em temas sensíveis, abordando a dor e o trauma de diferentes gerações que buscam ascensão social em um país marcado por contrastes.
A trama gira em torno de uma família negra que enfrenta os desafios da ascensão social, refletindo sobre a vida de indivíduos que, apesar das dificuldades, encontram caminhos para transformação. Eliana revela que a inspiração para Meridiana surgiu de sua obra anterior, Solitária, onde uma das personagens começa a trilhar esse caminho a partir de um curso universitário.
“A ideia do livro nasceu da observação da minha própria vida e do entorno. Muitas pessoas negras que ascendem têm um passado ligado à precariedade. Quis explorar essa realidade”, explica a autora.
Além da experiência pessoal, Eliana Alves Cruz destaca a escassez de representações da ascensão social de negros na literatura e nas artes. Segundo ela, essa temática ainda carece de um espaço adequado, tanto na literatura quanto no audiovisual.
“É um movimento pouco retratado. A literatura negra têm ganhado força recentemente, mas muitas histórias ainda não foram contadas em profundidade”, ressalta.
A narrativa do livro é apresentada em primeira pessoa, proporcionando uma conexão intimista e autêntica. A autora optou por essa abordagem após testar diferentes perspectivas narrativas.
“Como cada personagem possui uma voz própria, era fundamental que a narrativa refletisse essa individualidade. A primeira pessoa foi a escolha que trouxe mais veracidade”, explica.
Com uma recepção positiva, Meridiana tem gerado reflexões profundas entre os leitores, que se identificam com os personagens e suas jornadas. Eliana é reconhecida por seu trabalho, sendo vencedora do Prêmio Jabuti 2022 e semifinalista do Prêmio Oceanos, entre outros prêmios.
Além de Solitária e Meridiana, a autora possui em sua obra outros três romances: Água de Barrela, Nada Digo de Ti e O Crime do Cais do Valongo. Ela também escreveu o livro de contos A Vestida, que foi laureado com o Prêmio Jabuti 2022, e contribuiu para antologias como Os Cadernos Negros.
