EUA reduzem em 25% a emissão de vistos para brasileiros; nova taxa pode elevar custo e provocar corrida aos consulados
A emissão de vistos de turismo e negócios para brasileiros caiu 25% nos primeiros meses do governo Donald Trump, segundo levantamento da AG Immigration com base em dados do Departamento de Estado. Entre janeiro e maio, foram concedidos 356 mil vistos B1/B2, ante 480 mil em 2024, e o custo total tende a subir com a criação da taxa de integridade do visto, o que pressiona o setor de turismo e a economia entre Brasília e Washington.
A nova cobrança soma-se aos US$ 185 já pagos antes da entrevista, adicionando US$ 250 e levando a taxa total a mais de R$ 2,3 mil por solicitante. A medida foi sancionada e pode entrar em vigor no início do ano fiscal de 2026, em outubro, segundo advogados ouvidos pelo jornal O Globo, o que coloca o tema no centro das discussões de política de vistos e mobilidade internacional.
Para o advogado Rodrigo Costa, fundador da AG Immigration, o anúncio deflagrou uma procura acima do normal nos consulados. Ele atribui o movimento tanto ao impacto do aumento de custos quanto ao receio de agravamento da crise institucional entre os dois países, após novas tarifas aplicadas por Trump às importações brasileiras.
A avaliação do mercado de viagens é que a elevação das taxas tende a encarecer o acesso ao destino. O vice-presidente da Associação de Viagens dos EUA, Erik Hansen, afirmou ao Washington Post que, para manter competitividade global, a política de vistos precisa equilibrar prioridades de segurança com o valor econômico das visitas — sob pena de tornar os Estados Unidos um dos destinos mais caros para turistas.
Em Brasil, a demanda por vistos segue relevante. Em 2024, o país ficou em terceiro lugar no ranking de emissões de vistos americanos, com 1,151 milhão de aprovações — mais de 90% na categoria B. O Consulado dos EUA em São Paulo foi o terceiro do mundo em volume de vistos B, com 568 mil solicitações processadas, evidenciando o peso da maior metrópole brasileira no fluxo de viagens.
Em paralelo, o governo dos EUA anunciou um caução de US$ 15 mil para alguns solicitantes de países com altos índices de permanência irregular, como Malaui e Zâmbia. O Brasil não foi incluído, mas especialistas alertam que uma eventual ampliação da regra restringiria o perfil de candidatos, favorecendo apenas os de maior renda e reduzindo o número de pedidos.
A taxa extra poderá ser reembolsada caso o visitante cumpra as regras de permanência, mas ainda não há detalhes sobre o procedimento. A indústria do turismo mantém a cautela enquanto as viagens aos EUA seguem abaixo dos níveis anteriores à pandemia e eventos como a Copa do Mundo de 2026 despontam no horizonte, com potencial de recuperar fluxos — desde que os custos e prazos de vistos não se tornem um obstáculo adicional.