No mês da consciência negra, o Bloco Filhas de Gandhy, um ícone da negritude feminina e da ancestralidade africana da Bahia, homenageou seus 45 anos de histórico com o lançamento do seu primeiro documentário. A estreia aconteceu em Salvador, um marco que reafirma a importância da cultura afro-brasileira no cenário contemporâneo.
Intitulado “Sons da Independência”, o documentário reúne relatos de fundadoras, lideranças atuais e jovens integrantes deste pioneiro afoxé feminino, estabelecido em 1979. A produção destaca a luta e a resistência dessas mulheres em um universo cultural dominado por homens, especialmente em um período de repressão política, como a ditadura militar.
Silvana Magda, diretora executiva e artística do bloco, enfatiza que o documentário revela que as integrantes das Filhas de Gandhy são a base fundamental da instituição, que se estende além dos festejos de Carnaval. “Através do tambor, podemos expressar nossa voz. Sons da Independência representa nosso sentido de justiça histórica e a admiração pela força dessas mulheres que ousaram se fazer ouvir desde 1979”, afirma Magda.
Ela acrescenta que o Bloco Filhas de Gandhy torna-se um símbolo vivo do matriarcado negro e da ancestralidade, clamando por visibilidade e respeito no panorama cultural brasileiro.
A produção audiovisual também ilustra o contexto da criação do afoxé em um tempo em que o carnaval refletia um cenário cultural predominantemente masculino. Após a exibição do filme para convidados, realizada no Museu Eugênio Teixeira Leal, a direção do bloco busca agora alternativas para promover a exibição do documentário em escolas e comunidades locais, além de planejar a digitalização e catalogação do rico acervo do bloco.
