A culinária brasileira foi o foco de um painel realizado na última terça-feira (18 de novembro) no estande “Conheça o Brasil”, promovido pelo Ministério do Turismo, na Green Zone da COP30 em Belém, Pará. O evento destacou a importância da gastronomia sustentável no turismo, além de seu papel na geração de renda, preservação dos biomas e valorização de SaberEs tradicionais, principalmente na Amazônia, rica em ingredientes originais e experiências culturais.
O painel foi moderado por Laura Furquim, representante do Museu Paraense Emílio Goeldi, e contou com a participação de especialistas como o nutricionista Daniel Cady, a produtora rural Hortência Osaqui, a meliponicultora Adcleia Pires, a empreendedora Susane Rabelo e o chef Wagner Vieira.
Turismo regenerativo e conservação ambiental
Daniel Cady iniciou a discussão apresentando um projeto de turismo regenerativo ligado ao trabalho com abelhas nativas na Bahia. Ele enfatizou a importância da conservação das florestas e das espécies locais, ressaltando que esses elementos são fundamentais para a criação de experiências turísticas inovadoras. “As abelhas são um símbolo do equilíbrio ambiental. Sem floresta não há abelhas, e sem abelhas não há floresta. Proteger essas criaturas é vital para a vida e para um modelo de turismo que promove a renovação”, declarou. Cady acredita que o turismo em 2026 será mais voltado para a valorização dos territórios e a regeneração, ao invés do mero consumo de paisagens.
Educação ambiental através da meliponicultura
Adcleia Pires compartilhou sua experiência com a meliponicultura, focando em abelhas nativas sem ferrão. Ela começou seu projeto durante a pandemia, unindo produção, ciência, empreendedorismo e turismo comunitário. “Meu trabalho envolve educação ambiental, turismo regenerativo e experiências comunitárias”, explicou, mencionando seu trabalho com 22 espécies de abelhas e seis tipos de mel. As experiências sensoriais que oferece têm sensibilizado os visitantes sobre a importância dos polinizadores e da conservação florestal.
Valorização das frutas amazônicas no turismo rural
A produtora rural Hortência Osaqui falou sobre como o turismo pode ajudar a valorizar o bacuri, uma fruta típica do Norte do Brasil. Sua fazenda é o primeiro roteiro no Pará validado pelo Ministério do Turismo com enfoque nas frutas amazônicas. “A fazenda foi iniciada por meu pai, que acreditava que o bacuri poderia transformar vidas”, contou. O vídeo apresentado durante o painel mostrou as diversas experiências disponíveis, que abrangem desde a agricultura familiar até degustações e imersões culturais.
Conexão entre culinária e cultura local
O encerramento do debate coube ao chef Wagner Vieira, que utiliza a gastronomia como um meio de conectar os visitantes com a cultura paraense. Seu projeto inclui visitas ao Mercado do Ver-o-Peso, onde os turistas conhecem ingredientes, trabalhadores e histórias locais antes de seguirem para a cozinha, onde participam de uma imersão culinária. “Os visitantes escolhem os ingredientes e, em seguida, experimentam todo o processo de preparo dos pratos”, finalizou.

