A cena se repete todos os anos, mas 2025 trouxe números que preocupam. Em Goiás, algumas regiões já contabilizam até 95 dias sem chuva. A umidade do ar, que deveria estar em torno de 60%, despenca para menos de 20% — e isso não afeta apenas a paisagem seca. Afeta a saúde, a água que bebemos e até a forma como respiramos.
Segundo o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), o estado inteiro está em alerta extremo para incêndios. No norte, o termômetro chega a 37 °C, enquanto no sudoeste há cidades que amanhecem com apenas 11 °C. É um contraste que pode até parecer inofensivo, mas que acende o sinal vermelho: calor intenso, ar seco e vegetação fragilizada formam o cenário perfeito para o fogo se espalhar.
O gerente do Cimehgo, André Amorim, lembra que “a maioria dos incêndios nasce da ação humana” e que, nesta época do ano, qualquer descuido é combustível para o desastre. Basta uma bituca de cigarro, uma queimada de limpeza mal planejada ou até faíscas de um carro na estrada para transformar o cerrado em cinzas.
Enquanto isso, os rios sofrem. O Araguaia, em Nova Crixás, atingiu o nível mais baixo já registrado para o período. O Meia Ponte, em Goiânia e Itumbiara, segue abaixo da média, e outros mananciais, como o Vermelho e o Turvo, também dão sinais de esgotamento.
Especialistas alertam que a prevenção é a única saída. Hidratar-se, evitar esforços nos horários mais quentes, cuidar de crianças e idosos e, sobretudo, não acender fogo em áreas de vegetação. A seca passa, mas as marcas que o incêndio deixa no cerrado e na memória de quem vive aqui podem durar décadas.