Nos dias 9 e 10 de agosto, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia, recebeu a 9ª edição da mostra cultural “Goiás Feito à Mão”. O evento contou com 52 estandes, reunindo cerâmica, madeira, joias em prata, cristais, bordados, produções indígenas, entre outras expressões artísticas.
A feira é uma iniciativa da Secretaria de Retomada em parceria com o Goiás Social e teve como objetivo abrir espaço para artistas plásticos, artesãos, mestres, produtores manuais e associações, valorizando a cultura e a arte goiana em uma exposição diversificada.
O Portal ANP esteve presente, registrou imagens e conversou com os artistas.
Artesãos e histórias que emocionam
Entre os destaques, esteve Sr. Tião da Cunha, de Silvânia, que expôs suas miniaturas de carro de boi. Com mais de 40 anos de trajetória, ele acumula leis de incentivo, prêmios e já destinou a venda de uma de suas obras à APAE.
Outro nome conhecido é o de Sr. Zé Cidadão, também de Silvânia, famoso por suas esculturas em madeira. Reconhecido em diversos projetos, já realizou uma mostra com mais de 50 peças na cidade. Na feira, apresentou novidades inspiradas em sua paixão por cães de rua, que ele transforma em esculturas.
De Pirenópolis, a artesã Maria Delma levou seus tradicionais mascarados e joias em prata feitas à mão. Já reconhecida em eventos nacionais e internacionais, ela compartilhou sua trajetória e a relevância do seu trabalho.
Outro grande artista presente foi Natalino César, de Silvânia, conhecido pela confecção dos bonecos do tradicional Bloco do Id. Ele está dedicado ao projeto de reprodução da Santa Ceia em tamanho natural. O projeto já tem captação aprovada pela Lei Rouanet e busca patrocinadores.
Pela primeira vez, a feira recebeu Dona Xica, da cidade de Goiás. Descendente de quilombolas, ela apresentou peças de barro que carregam a tradição familiar e a história do artesanato goiano.
Palestras e discussões culturais
O evento também promoveu palestras. Entre os convidados estavam:
Sebastião José Soares, diretor de Promoção das Culturas Tradicionais e Populares do Ministério da Cultura, com a palestra “O Valor da Arte Popular como Expressão da Cultura e Identidade de um Povo”.
Ana Beatriz Loureiro Ellery, coordenadora-geral do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), que apresentou “As Diretrizes da Portaria nº 1.007 que Formam a Base Conceitual do Artesanato”.
Intercâmbio cultural
Além de artistas de todo Goiás, a feira contou com representantes do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Distrito Federal.
De Tocantins, os artesãos trouxeram o brilho do capim dourado, usado até em uma peça de vestuário: um vestido customizado. Também expuseram as bonecas Ritxoko, feitas pelas mulheres indígenas Karajá. As peças representam figuras humanas, fauna, elementos sobrenaturais e são consideradas patrimônio cultural da etnia.
De Aquidauana (MS), a estilista Natacha marcou presença. Primeira travesti do Brasil a lançar sua moda exclusiva, ela retrata a força e as belezas do Pantanal em suas criações, já expostas em vários estados. Seu trabalho carrega resistência, identidade e representatividade no cenário da moda.
Programação cultural e musical
A feira também contou com oficinas abertas ao público, incluindo arranjos, cartões de fibras, folhas do Cerrado e flores de palha de milho. Para as crianças, houve espaço kids com gibiteca e brinquedos.
A programação musical foi intensa:
Sábado (09/08): às 13h, o cantor Guilherme de Castro trouxe MPB, seguido às 14h pela Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG).
Domingo (10/08): às 11h, apresentação do grupo Família Guerra, também com MPB. Às 14h, Duo de Cordas Gustav Hitter. E às 15h, encerramento com a Orquestra Filarmônica de Goiás (OFG).
Com diversidade cultural, valorização dos artistas e fortalecimento do artesanato regional, a 9ª edição da mostra “Goiás Feito à Mão” consolidou-se como um dos grandes encontros de arte popular do Centro-Oeste.