Goiás manteve o status de área livre de Peste Suína Clássica (PSC) após concluir o 4º ciclo do Plano Integrado de Vigilância de Doenças de Suínos (PIVDS), conduzido pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) entre fevereiro e junho. A ação percorreu 346 propriedades em 106 municípios, com 1.711 amostras analisadas e inspeções clínicas, todas negativas, reforçando a proteção da suinocultura, do agronegócio e o acesso a mercados internacionais, no âmbito da estratégia coordenada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Em um cenário de disputa por mercados e foco em economia, governo e instituições, a operação de vigilância ativa priorizou propriedades tecnificadas e de subsistência, com foco sanitário e impacto direto sobre turismo de negócios, logística e exportações do Estado.
Resultados do 4º ciclo
As equipes das 12 regionais da Agência realizaram 171 coletas sorológicas e 175 inspeções clínicas, cobrindo 346 propriedades rurais. Ao todo, 1.711 amostras de granjas tecnificadas e de subsistência testaram negativo para PSC, e não foram observados sinais compatíveis com Peste Suína Africana ou Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS). Com isso, o Estado preserva a certificação como área livre e mantém a comprovação exigida por organismos internacionais.
Estratégia nacional e reconhecimento internacional
As ações integram o planejamento nacional do Mapa para sustentar o status sanitário brasileiro e a demonstração, perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), de que a zona livre de PSC permanece sem circulação viral. A Agrodefesa executa o PIVDS anualmente desde 2021, em ciclos que vão de julho a junho, e tem cumprido os prazos desde o primeiro ciclo, sinalizando robustez do sistema de vigilância ativa.
Impacto econômico e acesso a mercados
O controle sanitário sustentado pela vigilância reforça a competitividade da suinocultura goiana e o acesso aos mercados externos. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), Goiás ocupou, em 2024, a sétima posição no ranking nacional, com 11.964 toneladas de carne suína in natura exportadas. O desempenho foi impulsionado por aberturas e ampliações em destinos como Singapura (+49%), Geórgia (+108%), Chile (+200%) e Gabão (+567%).
Somente em maio deste ano, o Estado embarcou 1,2 mil toneladas de carne suína, somando US$ 2,8 milhões em receitas. O indicador é destaque no boletim Agro em Dados, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e evidencia a relação direta entre sanidade animal, economia e mercados internacionais.
Como foram definidas as propriedades e ações complementares
A seleção das propriedades para coletas e inspeções segue critérios técnicos do Departamento de Saúde Animal (DSA) do Mapa, baseados no tipo de produção e nas informações de rebanho disponibilizadas pelo Estado. A coordenação local ajusta a amostragem considerando o risco sanitário específico de cada unidade produtiva.
Além das coletas sorológicas e inspeções clínicas, o plano abrange inspeções em abatedouros, monitoramento de javalis e investigação de suspeitas de enfermidades suínas, compondo uma rede de vigilância que sustenta o status sanitário e a rastreabilidade exigida por compradores internacionais.
O que dizem os responsáveis
Para a gerente de Sanidade Animal da Agência, Denise Toledo, a vigilância clínica e sorológica permite detectar precocemente qualquer anomalia e prevenir surtos que comprometam a cadeia produtiva. Ela ressalta a adesão do setor produtivo e a eficiência do trabalho em campo das equipes.
O presidente da Agência, José Ricardo Caixeta Ramos, destaca que a manutenção de Goiás como área livre de PSC é condição básica para a sustentabilidade econômica do agronegócio e para a oferta de alimento seguro à população, preservando o acesso a mercados de alto valor.
Responsável pelo Programa Estadual de Sanidade Suídea, Aline Barichello Cerqueira enfatiza que a vigilância ativa prioriza propriedades não tecnificadas, por representarem maior vulnerabilidade, e que os dados fortalecem a credibilidade do Brasil frente aos órgãos internacionais.
Sobre a Peste Suína Clássica
A PSC é uma doença viral altamente contagiosa que acomete apenas suínos domésticos e asselvajados (javalis). Causada por um vírus do gênero Pestivirus, não oferece risco à saúde humana, mas provoca impacto econômico severo devido a altas taxas de mortalidade, restrições ao comércio internacional e prejuízos ao setor produtivo. Os sintomas mais comuns incluem febre, apatia, tremores, manchas avermelhadas na pele e morte súbita. Sem cura ou tratamento eficaz, o controle depende da eliminação dos animais infectados. Desde 2015, zonas livres de PSC no país – incluindo Goiás – são reconhecidas pela OMSA, e a vigilância contínua é indispensável para preservar essa condição e a competitividade da suinocultura.