A Gol Linhas Aéreas encerrou, na quinta-feira (25), as negociações para uma fusão com a Azul e também anunciou a rescisão do acordo de codeshare, que tinha sido firmado em maio de 2024. A informação foi divulgada pela holding Abra Group, que controla a Gol, pondo fim a meses de especulações sobre a união entre as duas maiores companhias aéreas do Brasil.
Em um comunicado oficial, a Abra revelou que as discussões não progrediram devido ao foco da Azul em sua recuperação judicial nos Estados Unidos, que começou em maio de 2024. O documento destacou que “não houve discussões significativas nem avanços para uma possível combinação de negócios nos últimos meses”, devido à situação financeira da concorrente.
A holding também enfatizou que as conversações para uma possível fusão ocorreram em um contexto diferente do atual, afirmando que “o cenário e as circunstâncias das empresas mudaram substancialmente”.
Essa decisão tem um impacto significativo no setor aéreo brasileiro, já que uma fusão entre Gol e Azul poderia resultar em uma empresa que controlaria cerca de 60% do mercado doméstico, ultrapassando a Latam, que detém uma participação em torno de 40%, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Essa concentração de mercado foi um fator que gerou críticas e preocupações por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que já havia notificado as companhias sobre a falta de uma notificação formal das negociações.
No início de setembro, o Cade havia estabelecido um prazo de 30 dias para que Gol e Azul apresentassem uma notificação oficial à autarquia sobre o acordo de codeshare. O órgão também determinou a suspensão de qualquer expansão dessa parceria até a deliberação da análise pelo Cade. O presidente Gustavo Augusto de Lima alertou sobre os riscos da prática conhecida como “gun jumping”, que ocorre quando empresas antecipam os efeitos de uma fusão sem a devida autorização regulatória.
Após a rescisão do codeshare, as duas companhias não poderão mais integrar suas malhas aéreas, comprometendo a oferta de conexões conjuntas. Entretanto, a medida não afetará os passageiros que já adquiriram bilhetes sob os termos da parceria, uma vez que ambas as empresas garantiram que honrarão as passagens emitidas até o momento.
Em um comunicado separado, a Azul reiterou seu comprometimento com a recuperação financeira, assinalando que a prioridade atual é fortalecer a sua estrutura de capital. A companhia indicou que, no curto prazo, seu foco será estabilizar suas finanças antes de considerar novos movimentos estratégicos.