O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz, conhecido como Hugo, atingiu um marco significativo ao realizar sua primeira cirurgia para correção de aneurisma cerebral. Este procedimento ocorreu sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein, consolidando a unidade como uma referência em atendimentos neurocirúrgicos de alta complexidade. Essa conquista representa um avanço crucial na assistência a pacientes com condições neurológicas graves.
Até o momento, o Hugo já era reconhecido pelo tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC), mas não possuía a estrutura necessária para cirurgias específicas de aneurisma cerebral. A realização desta intervenção cirúrgica marca a expansão dos serviços oferecidos pelo hospital, essencial para a saúde pública no estado de Goiás.
“O paciente com aneurisma cerebral precisa ser operado, idealmente, em até 24 horas após o diagnóstico. Quanto mais prolongar a espera, maior o risco de sequelas graves ou morte. Com a nova infraestrutura, conseguimos realizar esses procedimentos com segurança na própria unidade”, afirma Normando Guedes, neurocirurgião do Hugo.
A cirurgia em questão envolveu o tratamento de um aneurisma cerebral já roto, uma emergência médica de alta gravidade. A ruptura do vaso sanguíneo pode resultar em sangramento intracraniano, apresentando uma taxa de mortalidade de até 50% sem intervenção imediata. Além disso, aproximadamente 50% dos sobreviventes podem enfrentar sequelas neurológicas severas, reforçando a importância de um atendimento ágil.
Avanços tecnológicos no tratamento
O procedimento inaugural, que se estendeu por cerca de oito horas, mobilizou uma equipe multidisciplinar composta por três neurocirurgiões, dois anestesiologistas, instrumentadores e profissionais de enfermagem. O uso de um moderno microscópio cirúrgico, adquirido recentemente pelo hospital, foi essencial para assegurar a precisão e a segurança nas intervenções neurovasculares.
“A introdução do novo equipamento, como o microscópio, marca uma mudança significativa na complexidade e qualidade do atendimento”, comenta Fabiana Rolla, diretora médica do Hugo.
“O que realmente possibilita ao Hugo executar cirurgias antes inviáveis é a qualificação e o comprometimento da equipe médica, pronta para utilizar essas ferramentas modernas e dedicada a garantir a atenção necessária para procedimentos dessa complexidade”, complementa.
O anestesiologista Gabriel Andraos, presente no procedimento, destacou que foram empregados recursos avançados na anestesiologia, como:
- monitor de consciência BIS, que avalia em tempo real os efeitos da anestesia e o nível de consciência do paciente;
- bombas de infusão alvo-controladas, que administram anestésicos com base nos parâmetros do paciente;
- monitor de bloqueio neuromuscular;
- manta térmica.
“Essas inovações na tecnologia anestésica tornam o procedimento não apenas mais seguro, mas também mais confortável, permitindo uma recuperação mais rápida no pós-operatório”, ressalta Andraos.
Com o sucesso desta cirurgia, o Hugo se torna parte da rede de unidades equipadas para tratar casos complexos de aneurisma cerebral, o que amplia a capacidade de atendimento na regulação estadual. Além disso, este avanço terá um impacto positivo na formação de novos profissionais, uma vez que o hospital serve como campo de prática para as residências médicas em Neurocirurgia do Hospital de Clínicas (HC/UFG) e do Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG).