A inovação permanece como o principal motor do crescimento econômico e da criação de empregos, mas desafios antigos ainda dificultam seu pleno desenvolvimento no Brasil. Um estudo da consultoria Inventta, intitulado O Futuro da Gestão da Inovação – 2025, revela que o país continua a enfrentar praticamente os mesmos obstáculos que limitavam a inovação há dois anos.
Segundo a pesquisa, que entrevistou líderes empresariais de vários setores, as principais barreiras são: a busca por resultados imediatos (46%), restrições orçamentárias (41%), carência de tempo (40%), aversão ao risco (37%) e baixa participação interna (37%). Além disso, obstáculos culturais e de governança ainda inibem o investimento em pesquisa e dificultam a criação de ambientes favoráveis à inovação.
As médias empresas enfrentam um impacto ainda maior, já que a carga operacional e os recursos limitados restringem a experimentação, espaço onde novas ideias poderiam se desenvolver.
Por outro lado, o estudo também destaca avanços significativos. Em 2025, foram identificadas 58 práticas de inovação – um crescimento em relação a 2023. Entre essas práticas, as mais comuns incluem: melhoria contínua (82%), estratégia de inovação estruturada (80%), disseminação da cultura inovadora (78%), benchmarking (76%) e alocação orçamentária específica (76%). A aplicação da inteligência artificial emerge como uma nova tendência, indicando um progresso do ecossistema e uma transição da teoria para a prática.
Como parlamentar, é possível observar esse cenário com um senso de urgência. A inovação deve se tornar uma agenda do Estado, sustentada por políticas públicas robustas e de longo prazo, que fomentem e qualifiquem o setor produtivo. Em Goiás, passos importantes foram dados nesse sentido. Desde 2022, o estado conta com o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, um projeto que apoiei e articulei, estabelecendo alicerces para pesquisa, empreendedorismo e transferência de tecnologia.
Em 2025, aprovamos a primeira Lei de Inteligência Artificial do Brasil, que estabelece diretrizes éticas e seguras para o uso responsável da tecnologia, ao mesmo tempo que estimula o desenvolvimento de soluções inovadoras. A recém-criada Lei de Incentivo às Startups vem ao encontro do fortalecimento do ambiente de novos negócios e da geração de trabalho qualificado.
Recentemente, foram apresentados diversos projetos de lei que reforçam esse compromisso com o futuro. Um deles cria o Laboratório de Inovação em Justiça do Estado de Goiás, destinado a desenvolver soluções tecnológicas e metodológicas que visem melhorar o acesso à Justiça e a eficiência da prestação jurisdicional.
Outro projeto busca implementar a Rede Estadual de Cidades Inteligentes e Empreendedorismo Social com enfoque em GovTech, com o objetivo de aprimorar a transparência e a qualidade dos serviços públicos por meio de tecnologias digitais. Proponho também uma política para a formação de capital humano na área de ciência, tecnologia e inovação, unindo o setor produtivo, universidades e governo na formação de talentos.
Essas iniciativas demonstram que a inovação é uma escolha política, não meramente tecnológica. O poder público tem um papel fundamental em incentivar tanto indivíduos quanto empresas a serem mais criativos e adequados ao progresso tecnológico. Por meio da inovação, será possível construir um ambiente mais competitivo, sustentável e inclusivo, capaz de transformar o potencial dos cidadãos em verdadeira prosperidade. Investir em inovação é, de fato, investir no futuro, um futuro que já começou a ser construído em Goiás.
VIRMONDES CRUVINEL é professor, procurador do Estado e deputado estadual.

