A necessidade de uma nova governança global para enfrentar as mudanças climáticas foi enfatizada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua participação na quinta Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica, realizada em Bogotá, Colômbia, nesta sexta-feira (22). Lula criticar a falta de comprometimento de várias nações e a ausência de mecanismos eficazes para garantir a implementação dos acordos climáticos.
No discurso, o líder brasileiro afirmou que, apesar de muitos acordos já terem sido discutidos, poucos foram efetivamente cumpridos. Reforçou a necessidade de um novo modelo de governança que permita à ONU coordenar as ações climáticas de forma mais eficaz. “Precisamos de um conselho de clima que mobilize os países a honrar seus compromissos. Sem uma nova governança, não será possível implementar políticas climáticas efetivas”, disse Lula.
Compromissos e a COP30
Ao se dirigir a líderes dos países amazônicos, Lula enfatizou a urgência do cumprimento dos acordos firmados, especialmente a COP30, que acontecerá em novembro em Belém, Pará. Na ocasião, o presidente anunciou que a cúpula será a “COP da verdade”, onde questionará quais nações efetivamente colocarão seus compromissos em prática.
“É essencial que tenhamos clareza sobre nossa postura nessa COP e que aqueles que acreditam na importância de preservar a floresta estejam dispostos a contribuir financeiramente para isso. Se cada país fizer sua parte, poderemos alcançar resultados significativos. Porém, não podemos nos iludir achando que os países ricos farão doações espontâneas para a nossa floresta”, alertou Lula.
O presidente também criticou os países desenvolvidos que falharam em honrar seus compromissos financeiros destinados a nações em desenvolvimento, assim como a importância de assegurar que os acordos da COP30 sejam executados. “Estamos propondo um fundo para a conservação das florestas e quero saber quais países estão dispostos a colaborar. Precisamos proteger nossos recursos e as comunidades que habitam na Amazônia”, destacou.
Acordo de Paris e questões de soberania
Lula ainda abordou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, que contém diretrizes essenciais para combater as alterações climáticas, sem mencionar diretamente o país. Ele criticou o uso de alegações internacionais por países ricos como justificativa para ações que comprometem a soberania dos países em desenvolvimento.
“Os países desenvolvidos constantemente nos acusam de negligenciar nossas florestas, mas muitos deles são os principais responsáveis pela poluição global. Tentam impor modelos que não se aplicam a nós, utilizando a luta contra o desmatamento como pretexto para práticas protecionistas”, concluiu.
A Cúpula foi realizada na Casa de Nariño, residência do presidente colombiano Gustavo Petro, e teve como um dos objetivos promover a proposta do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que visa garantir recursos financeiros para a conservação das florestas em países em desenvolvimento. A expectativa é de que o fundo alcance aproximadamente 125 bilhões de dólares.