Marcha dos Povos em Belém cobra voz nas negociações da COP30 por justiça climática e proteção de territórios indígenas.

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Marcha dos Povos em Belém cobra voz nas negociações da COP30 por justiça climática e proteção de territórios indígenas.

Movimentos sociais e comunidades de todo o mundo se uniram em Belém, no sábado (15), durante a Marcha dos Povos pelo Clima, para reivindicar uma voz nas negociações climáticas da COP30. A manifestação, que atraiu dezenas de milhares de participantes, tomou as ruas da capital paraense, repletas de faixas, cartazes, bandeiras e alegorias, clamando por justiça climática.

Entre as principais solicitações da marcha, destacam-se a proibição de combustíveis fósseis, a suspensão do financiamento público ao setor agrícola, a demarcação das terras indígenas e quilombolas, além da remoção de invasores dessas áreas. Artur Colito, do Movimento dos Atingidos por Barragens, expressou a necessidade de que as discussões climáticas incorporem as vozes e aspirações dos movimentos populares.

“As soluções climáticas vêm de quem já está na defesa das florestas e dos biomas, e frequentemente são as mesmas pessoas atacadas por negociações que priorizam interesses corporativos em vez de verdadeiras iniciativas de conservação. Defender a Amazônia é defender a vida”, afirmou Colito.

O Movimento Negro Unificado também marcou presença no evento, sublinhando que os impactos da crise climática afetam desproporcionalmente as populações que habitam áreas de risco, em sua maioria negras. Marcelino Conti, coordenador do movimento, destacou o papel fundamental dos povos quilombolas e indígenas na proteção das florestas e do meio ambiente.

“Onde há quilombos não existem atividades de garimpo ou desmatamento. Não precisamos de uma COP30 para aprender a proteger a floresta; estamos há séculos cuidando dela”, declarou Daniele Abreu, quilombola da comunidade Bandeira Branca, enfatizando os impactos da agropecuária em suas terras.

Na perspectiva de Daniele, a pressão dos grandes proprietários de terra está secando rios e ameaçando a fauna e a flora locais. Ela lamenta o desmatamento causado por fazendeiros em sua região, o que afeta gravemente a vida selvagem.

A presença de povos indígenas foi marcante na marcha, com vozes de diversas nações. Taywade Juruna, da comunidade do Pacajaí, trouxe à tona os efeitos diretos da migração climática e de grandes projetos na sua terra, como a construção da usina Belo Monte, que levou à seca em seus rios e à extinção de espécies locais.

“Recebemos impactos diretos. Nosso rio secou e a biodiversidade está sendo dizimada. Lutamos pela nossa existência e resistimos contra empreendimentos que destroem nosso habitat”, afirmou Juruna durante a marcha.

A Marcha dos Povos pelo Clima começou por volta das 10h no Mercado São Brás e terminou ao meio-dia na Aldeia Amazônica. Os participantes continuaram a protestar por várias horas, tornando este evento uma importante manifestação do encerramento da Cúpula dos Povos, que aconteceu paralelamente à COP30, reunindo mais de mil movimentos sociais, grupos indígenas e quilombolas do Brasil e de outras nações.


Belém (PA), 14/11/2025 - Marcha Global pelo Clima, evento paralelo à COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Belém (PA), 14/11/2025 - Marcha Global pelo Clima, evento paralelo à COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Marcha Global pelo Clima. COP30, por Bruno Peres/Agência Brasil
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