Mudança climática traz pobreza e doenças, alertam lideranças indígenas na COP30 em Belém

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Mudança climática traz pobreza e doenças, alertam lideranças indígenas na COP30 em Belém

Líderes indígenas e quilombolas estão expressando preocupações sobre a falta de ações efetivas dos países para enfrentar a crise climática. Durante a COP30 realizada em Belém, no dia 12 de setembro, destacaram-se as vozes do xamã Davi Kopenawa, representante do povo Yanomami, e Kátia Penha, coordenadora da Conaq, a Articulação das Comunidades Negras Quilombolas. Ambos participaram de um debate sobre a importância das soluções territoriais para o combate às mudanças climáticas.

Em sua fala, Davi Kopenawa criticou a ausência dos Estados Unidos, um dos principais emissores de poluentes globais, na conferência. Em tom provocativo, ele questionou: “Quem inventou a mudança climática? Os americanos. Será que eles estão aqui para nos explicar como criaram esse problema? Eles envenenam a água e promovem o desmatamento. Cadê eles?”, indagou.

A Terra Indígena Yanomami enfrenta sérios desafios devido à invasão de garimpeiros, o que resultou em graves consequências, como a fome e mortes entre a comunidade. A partir de 2023, uma força-tarefa do governo brasileiro está atuando para desintrusar essa região. Kopenawa alertou que, sem ações concretas para a preservação ambiental, o mundo enfrentará dificuldades crescentes nos próximos anos, prevendo um futuro de escassez e problemas sociais.

“Nos próximos 60 anos, a situação piorará. Haverá uma significativa morte de florestas, e a fome se tornará uma realidade. Para mim, a mudança climática se traduz em pobreza, doenças e poluição. Sem florestas, sofreremos”, afirmou o xamã.

O papel dos territórios quilombolas

Kátia Penha destacou a relevância das comunidades quilombolas na proteção dos biomas brasileiros. Para ela, a titulação das terras quilombolas é uma condição essencial para qualquer solução climática. “Estamos aqui com uma grande delegação trazendo propostas. A discussão sobre soluções climáticas não pode ignorar a titulação das nossas terras. Sem isso, não é possível encontrar adaptações viáveis”, ressaltou.

Ela também enfatizou que as estratégias de combate às mudanças climáticas devem incluir as vozes das comunidades afetadas. “As comunidades precisam ser parte das decisões sobre as mudanças climáticas. Nós somos guardiões deste planeta, protegendo 205 milhões de hectares na América Latina. Isso não pode ser ignorado”, disse Kátia Penha.

A COP30 continuará em Belém até o dia 21 de novembro, com a missão de buscar acordos entre as nações para adotar medidas que visem a contenção do aumento da temperatura do planeta e a mitigação da crise climática.

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