Uma mulher de 77 anos, Tereza, enfrenta a ordem do governo que a obriga a deixar sua casa e se mudar para uma colônia habitacional de idosos. Antes de se despedir de sua vida anterior, ela decide embarcar em uma viagem pelos rios da região amazônica, com a esperança de realizar seu último desejo.
Esse é o pano de fundo do filme “O Último Azul”, dirigido por Gabriel Mascaro, que propõe uma reflexão sobre o envelhecimento em um Brasil futurista e distópico. O diretor destaca a necessidade de contar a história de uma protagonista idosa que busca ativamente seu espaço e desejos, mesmo em uma sociedade que frequentemente marginaliza essa faixa etária.
“O filme mistura elementos distópicos com uma abordagem surreal e fantástica, transformando-se ao longo da narrativa em uma jornada de autodescoberta”, explica Mascaro. Ele enfatiza que, enquanto muitos filmes nesse gênero focam em jovens, “O Último Azul” inverte essa expectativa ao dar voz a uma mulher idosa cheia de vigor e sonhos.
Denise Weinberg, que interpreta Tereza, discorre sobre o processo de envelhecer. Para ela, a velhice pode ser uma fase alegre e cheia de aprendizados. “É uma sabedoria que se constrói com o tempo. Envelhecer não é um fardo, mas uma oportunidade para fazer o que se ama”, afirma a atriz.
O elenco do filme é enriquecido por nomes como Rodrigo Santoro e Miriam Socarrás, além de receber reconhecimento internacional. “O Último Azul” conquistou prêmios relevantes, como o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim e o prêmio de Melhor Filme de Ficção Ibero-Americano no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, onde Denise também recebeu o prêmio de Melhor Atuação.
A professora Ivana Bentes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ressalta a importância do cinema nacional na redescoberta da identidade brasileira. Em suas palavras, “o filme explora temas pertinentes ao contexto brasileiro de maneira que ressoa globalmente”, destacando a importância da linguagem e da estética na transmissão de mensagens sociais e culturais.
“O Último Azul” estreou recentemente em todo o Brasil e, como parte da Semana do Cinema, oferece ingressos a um preço acessível de 10 reais até o dia 3 de setembro, em diversas salas de cinema. Essa iniciativa busca democratizar o acesso à cultura e ao cinema, promovendo discussões relevantes sobre a velhice e os direitos dos idosos.