Deputados bolsonaristas colocam esparadrapo na boca e bloqueiam os trabalhos para exigir votação de anistia e outras pautas polêmicas.
Brasília — Exclusivo por Paulo Lica — A sessão ordinária da Câmara dos Deputados foi interrompida hoje, terça-feira, 5 de agosto de 2025, após um grupo de deputados do PL ocupar fisicamente a Mesa Diretora e impedir o início dos trabalhos legislativos. Os parlamentares mantêm as bocas seladas com esparadrapo como protesto simbólico e exigem a votação de pautas específicas, entre elas uma anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF) e o fim do foro privilegiado .
Por volta das 14h00, cerca de 15 deputados bolsonaristas tomaram os assentos da Mesa Diretora e permaneceram silenciosos, intercalando retirada do esparadrapo apenas para beber água ou atender ligações. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), estava fora de Brasília e deve retornar apenas à noite, o que dificulta ainda mais qualquer tentativa de negociação imediata com os ocupantes do parlamento .
A líder da oposição, deputada Lindbergh Farias (PT-RJ), criticou duramente a ação. Segundo ela, os deputados do PL não têm o direito de obstruir os trabalhos dessa forma e podem ser responsabilizados pelo Conselho de Ética. Para Lindbergh, trata-se de um “sequestro da Mesa do Parlamento” e um “ataque violento às instituições” .
Contexto e decisão do PL
O PL já havia adotado manobras regimentais de obstrução desde abril, após a recusa do presidente da Câmara, Hugo Motta, de pautar o projeto de anistia. A bancada optou então por inviabilizar votações e registrar ausências em plenário e comissões, como estratégia para pressionar por progressos na pauta legislativa relacionada aos atos de janeiro .
Mais recentemente, em março, a obstrução também foi usada como forma de protesto contra o julgamento que tornou réu o ex‑presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. O líder Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirmou que a bancada não participaria das votações até que suas reivindicações sejam atendidas .
No plenário
Durante o protesto de hoje, parlamentares governistas e da oposição tentaram diálogo, mas o clima ficou tenso. Lindbergh Farias foi empurrado, segundo relatos de testemunhas, ao afirmar que a sessão estava ilegalmente paralisada. Do lado do PL, uma ameaça clara: “Não sairemos daqui até que os presidentes das Casas busquem uma solução para pacificar o Brasil” .
Repercussão institucional
— Câmara dos Deputados: oficialmente, a sessão está suspensa e sem previsão de retomada enquanto durar a ocupação da Mesa.
— Mesa Diretora: formada por presidentes e vices da Casa, permanece sem quorum para deliberar, já que os ocupantes bloqueiam fisicamente o espaço .
— Presidentes das Casas (Câmara e Senado): pressionados por boatos de que, caso a crise se mantenha, poderá haver uma suspensão das votações em ambas as Casas.
Panorama à vista
A ocupação representa um escalonamento expressivo da tática de obstrução do PL, que agora recorre ao protesto simbólico para visibilizar demandas consideradas centrais por sua bancada. A pauta que defendem vai além da anistia, envolvendo temas como a responsabilização do STF e mudanças constitucionais. A expectativa é que o desfecho dependa do retorno do presidente Hugo Motta a Brasília.
Próximos passos para nosso leitor:
Continuaremos acompanhando de perto as articulações em Brasília e qualquer sinal de retomada da ordem na Câmara. Paulo Lica segue trazendo informações exclusivas direto do plenário.