Prestações duvidosas: criada por Gustavo Mendanha, CODAP tem contas rejeitadas

Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) aponta irregularidades em empresa criada pelo ex-prefeito; omissões da atual gestão de Leandro Vilela levantam questionamentos sobre controle e transparência.

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Prestações duvidosas: criada por Gustavo Mendanha, CODAP tem contas rejeitadas

O Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) julgou irregulares as contas da Companhia de Desenvolvimento de Aparecida de Goiânia (CODAP), referentes ao exercício de 2024. A estatal foi criada em 2020, durante a gestão do então prefeito Gustavo Mendanha, com a missão de planejar e administrar áreas industriais no município. O resultado do julgamento, no entanto, escancara falhas graves que agora respingam também sobre a atual administração, comandada por Leandro Vilela.

De acordo com o relatório do TCM, a empresa recebeu R$ 4.076.902,07 em repasses municipais, não gerou nenhuma receita própria e encerrou o exercício com prejuízo de R$ 3.743.158,27. O tribunal ainda apontou ausência de relatórios administrativos, inconsistências contábeis, falta de auditoria independente e não entrega de balancetes mensais, além da não comprovação da ata que formaliza a eleição dos administradores e membros do conselho fiscal.

A decisão deixa claro que a CODAP não apresentou condições mínimas de transparência e controle. Para um órgão que deveria impulsionar o desenvolvimento industrial de Aparecida, o resultado representa o oposto: desorganização, prejuízo e desconfiança.

Embora a CODAP tenha sido criada ainda na gestão de Gustavo Mendanha, a responsabilidade pela supervisão e correção das falhas recai sobre a atual gestão de Leandro Vilela.
Afinal, cabe ao governo municipal acompanhar as empresas públicas vinculadas à Prefeitura e nesse ponto, a falta de providências chama a atenção.

Desde o início do mandato, não foram tomadas medidas efetivas de auditoria interna para corrigir distorções herdadas da antiga gestão. A ausência de ações concretas de fiscalização, transparência e reestruturação da estatal reforça a percepção de que o problema foi simplesmente ignorado.

Fontes próximas ao Paço Municipal afirmam que, mesmo diante de alertas sobre a situação precária da companhia, nenhum plano de reestruturação foi apresentado publicamente, e não há registros de relatórios detalhados sobre as atividades da CODAP em 2024. Essa inércia agora se transforma em um desgaste político crescente para Leandro Vilela.

Outro ponto que acendeu o alerta do tribunal é o destino do dinheiro público.
Documentos apontam que parte dos recursos da CODAP foi repassada à Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (ACIAG) — mais de R$ 1,7 milhão destinados a eventos, contratos de assessoria e parcerias institucionais.
Além disso, os gastos com pessoal ultrapassaram R$ 1 milhão, mesmo sem a empresa apresentar resultados palpáveis.

Em entrevista, o presidente da CODAP, Luiz Maronezi, minimizou o caso:

“Não fui notificado ainda, é natural o TCM contestar alguma coisa, mas assim que eu tomar conhecimento vou prestar informações.”

Já o presidente da ACIAG, Max Coelho, disse ter tomado conhecimento da decisão apenas agora e se colocou à disposição para esclarecimentos.

Apesar de a rejeição das contas ser um reflexo direto da gestão anterior, a omissão em corrigir o problema também pesa sobre o atual governo.
Especialistas em gestão pública apontam que a administração de Leandro Vilela tinha o dever de instaurar uma auditoria independente, revisar contratos e apresentar um plano de saneamento administrativo da estatal, medidas que não foram executadas até o momento.

Essa falta de ação não é apenas uma falha técnica, mas um erro político e institucional. Em um cenário onde a confiança do cidadão depende da transparência, a ausência de respostas da Prefeitura cria a sensação de continuidade de práticas pouco claras, o que ameaça a imagem do atual prefeito.

Se a gestão não adotar uma postura firme e transparente com investigações internas, revisão de contratos e comunicação direta com a população o caso da CODAP pode se transformar em um símbolo de descuido administrativo, afetando não só as contas públicas, mas também a credibilidade política de Leandro Vilela diante dos aparecidenses.

Em nota :

A prefeitura de Aparecida informa que a  administração anterior deixou dívidas de quase R$ 500 milhões, inclusive a folha de pessoal de dezembro em atraso.

Para quitação das dívidas e pagamento em dia das obrigações que vencem neste ano, a gestão do prefeito Leandro Vilela adotou uma série de medidas para economizar e realizar o equilíbrio financeiro, como contigenciamento na nomeação de servidores comissionados – apenas metade dos 4.200 cargos em comissão foram preenchidos – contratos foram revistos e cancelados.

Despesas desnecessárias como o custo da Codap não foram realizadas neste ano. As atribuições da antiga companhia, que foi desativada, está a cargo da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, que já existia.

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