O alho (Allium sativum), uma planta herbácea originária da Ásia Central, destaca-se não apenas na culinária mundial, mas também por suas propriedades medicinais. Em 2023, o Brasil figurou na 12ª posição entre os maiores produtores globais, conforme dados da FAO. A produção no país é liderada por nações como China, Índia e Egito, com o estado de Goiás emergindo como um importante polo, ocupando a segunda colocação em termos de produção e área cultivada.
A cidade de Cristalina é um dos principais responsáveis por esse destaque, sendo reconhecida como o segundo maior produtor de alho do Brasil e administrando a maior extensão de cultivo. Em 2024, IBGE reportou que Cristalina contribuiu com 66,2% da produção goiana, enquanto Padre Bernardo e Ipameri destacaram-se pelo rendimento médio, com 20,0 e 18,1 toneladas por hectare, respectivamente, ocupando posições de liderança a nível nacional.
Outro ponto a ser observado é o elevado crescimento da produção em Luziânia, que obteve os maiores índices de expansão em relação a 2023. Catalão também registrou uma quase duplicação de sua produção em 2024. A cultura do alho está presente em apenas 10 municípios goianos, o que revela um considerável potencial de expansão, viabilizando oportunidades para Goiás aumentar sua participação na produção nacional e consolidar ainda mais seu status como um polo agrícola relevante.
A industrialização do alho em Goiás desempenha um papel crucial na cadeia produtiva, encontrou espaço em diversas formas, como conservas, pastas e alho desidratado. O processo de industrialização agrega valor ao produto e extendendo sua vida útil, facilitando a comercialização durante a entressafra. Essa estratégia não apenas minimiza perdas, mas também estabiliza os preços, gerando incentivos para o cultivo e proteção ao produtor.
Nos últimos dez anos, a produção de alho em Goiás cresceu 57,6%, com a área plantada aumentando 64,0% e o valor da produção saltando 210,1%. A produtividade variou, mas em 2022 registrou um recorde com 58,4 mil toneladas colhidas e um rendimento médio de 17,0 t/ha. Em 2024, o valor da produção atingiu R$738,8 milhões, representando um crescimento de 31,6% em relação ao ano anterior, estabelecendo um marco histórico para o estado.
Apesar do avanço no cultivo local, o Brasil ainda precisa importar alho para atender a demanda do mercado interno. O consumo per capita é estimado em 1,5 kg/habitante/ano, enquanto a produção nacional alcançou 172,8 mil toneladas em 2024, resultando em um déficit de 45,8% em relação à demanda, que é de 318,8 mil toneladas. Nesse contexto, o Brasil importou 145,5 mil toneladas de alho em 2024, gerando um custo de US$187,5 milhões. Goiás respondeu por apenas 25,2 toneladas dessa importação, a menor entre os estados.
O alho agora faz parte do Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), conforme a Portaria SPA/MAPA N°454 publicada em 25 de novembro de 2025. Este programa visa indicar as melhores áreas e períodos para o cultivo, considerando as condições climáticas. Para os produtores goianos, isso representa acesso a dados técnicos que podem otimizar o planejamento das safras, com plantios realizados de março a maio e colheitas entre junho e setembro, conforme informações do Hortifruti/Cepea.
Além disso, a Embrapa, junto a instituições e universidades, iniciou, em 1992, um projeto de pesquisa destinado ao desenvolvimento de “sementes de alho livres de vírus”. Antes disso, a cultura enfrentava sérias limitações, resultando em uma elevada dependência de alho importado. A adoção dessa tecnologia permitiu uma revolução na produção nacional, levando a um aumento de até 150% em alguns cultivares. Hoje, essa tecnologia é amplamente acessível e ajudou a elevar a produtividade e qualidade do alho brasileiro.

