O ovo, enquanto fonte de proteína de alta qualidade, desempenha um papel crucial na dieta brasileira e se destaca por sua acessibilidade e valor nutricional. De acordo com a FAO, o Brasil ocupa a sexta posição global na produção de ovos e lidera na América Latina. Em 2024, foram produzidas aproximadamente 4,6 bilhões de dúzias, com um consumo per capita estimado em 269 ovos, resultando em um crescimento de 11,2% comparado a 2023, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Menos de 1% da produção é destinada à exportação, evidenciando a força do mercado interno.
No estado de Goiás, a produção de ovos cresceu 65,7% na última década, saltando de 152,3 milhões de dúzias em 2015 para 252,2 milhões em 2024. O número de galinhas poedeiras também aumentou 62,9%, totalizando 44,6 milhões. O Valor Bruto da Produção (VBP) está projetado em R$1,6 bilhão para 2025, um aumento de 49,2% nos últimos cinco anos, de acordo com a MAPA.
A atividade avícola de postura se espalha por todos os 246 municípios de Goiás. Em 2024, a cidade de Inhumas destacou-se como o maior produtor, contribuindo com 18,7% da produção estadual. Cristalina foi o município que apresentou o maior crescimento, com um aumento de 88,6% em comparação a 2023.
Cotações e Tendências de Preços
As cotações dos ovos atingiram um recorde nominal de R$210,74 por caixa em março de 2025, influenciadas por fatores econômicos locais e internacionais. A demanda crescente no mercado interno, estimulada pelo aumento dos preços de outras proteínas, aliada à oferta limitada devido a altas temperaturas, impactou diretamente os preços. Além disso, um surto de influenza aviária nos Estados Unidos resultou no abate de milhões de galinhas poedeiras, afetando a oferta norte-americana. Tradicionalmente, a Quaresma, que teve início em março, também colabora para a valorização das cotações. No entanto, após esse período, os preços ajustaram-se para patamares mais comuns, como evidenciado em setembro, onde a média mensal ficou em R$145,14 por caixa.
Exportações e Desafios no Mercado Internacional
As exportações de ovos brasileiros, assim como as goianas, apresentaram uma queda em agosto, marcando o segundo mês consecutivo de retração. Esse movimento pode ser atribuído, principalmente, à redução das compras pelos Estados Unidos, devido a novas tarifas impostas pelo governo norte-americano. Em Goiás, as exportações em agosto concentraram-se apenas no mercado mexicano, resultando em uma queda significativa de 89,0% no valor e 94,9% no volume embarcado em relação a julho.
Apesar dessa retração recente, o desempenho do setor no acumulado do ano permanece positivo, refletindo a capacidade de Goiás em expandir sua presença no mercado externo. Em 2024, o estado enviou ao exterior 902,9 toneladas de ovos destinados à incubação, gerando um faturamento de US$4,5 milhões e ocupando a quarta posição em exportações entre os estados brasileiros. No primeiro semestre de 2025, este segmento representou 45,3% do faturamento total, destacando a importância estratégica das exportações de ovos férteis no fortalecimento da competitividade regional no comércio internacional.