No mês de julho de 2023, o Brasil registrou a menor área de queimadas desde o início das medições do Monitor do Fogo do MapBiomas, em 2019. Foram contabilizados 748 mil hectares de território afetados, refletindo uma redução significativa em relação ao mesmo mês do ano anterior, com uma queda de 40% nos registros.
A coordenadora técnica do MAPBiomas Fogo, Vera Arruda, atribui essa diminuição a uma combinação de fatores. Arruda menciona o retorno das chuvas em várias regiões, especialmente na Amazônia, após um período prolongado de seca, assim como melhorias nas ações de monitoramento e fiscalização. Além disso, o uso cauteloso do fogo, em resposta ao alto índice de queimadas do ano passado, também tem impacto positivo.
“Dados recentes do Monitor do Fogo mostram uma queda na área queimada, associada ao retorno das chuvas e à intensificação do controle e fiscalização das queimadas. O recorde do ano passado fez com que o uso do fogo fosse mais cauteloso este ano”, explica Vera Arruda.
Entre os tipos de vegetação, a nativa foi a mais atingida, representando 76,5% do total de área queimada, enquanto as áreas destinadas à agropecuária e pastagens contribuíram com 14%.
No que diz respeito aos biomas, o cerrado enfrentou as maiores perdas, com 571 mil hectares queimados. A Amazônia e a Mata Atlântica sofreram perdas menores, totalizando 143 mil hectares e 24 mil hectares, respectivamente.
Vera Arruda ainda esclarece que o cerrado é o bioma mais vulnerável neste período, devido ao acúmulo elevado de biomassa, o que aumenta o risco de incêndios. A prática de manejo com fogo nas pastagens também contribui para essa situação. Mesmo com a redução geral, o cerrado ainda lidera as áreas queimadas em julho.
Em uma análise mais ampla, entre janeiro e julho, o Brasil contabilizou 2 milhões e 450 mil hectares de área queimada, representando uma queda de 59% em comparação ao mesmo período de 2022. No entanto, Vera Arruda alerta para a necessidade de cautela ao interpretar esses dados, especialmente considerando que o período entre agosto e outubro é crítico para a ocorrência de incêndios.
“É importante reconhecer que ainda é cedo para afirmar se a tendência de redução das queimadas se manterá. O intervalo entre agosto e outubro é tradicionalmente marcado por baixas umidades e grandes incêndios. Assim, é vital que as ações de fiscalização e prevenção continuem”, enfatiza Arruda.
Os estados do Tocantins e Maranhão estão entre os mais afetados nos primeiros seis meses de 2023, com 467 mil hectares e aproximadamente 330 mil hectares queimados, respectivamente.