Rota das CaveRNas impulsiona turismo sustentável e conservação no oeste do RN
Lançada entre os dias 6 e 10 de agosto, a Rota das CaveRNas integra cinco municípios do oeste do Rio Grande do Norte em um roteiro de espeleoturismo e arqueologia, com foco em turismo sustentável, impacto social e fortalecimento da economia local e da economia criativa. A iniciativa, coordenada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav), organiza a visitação a cavernas e sítios históricos, incluindo a abertura da caverna Furna Nova no Parque Nacional da Furna Feia, e estabelece regras de manejo para preservar o patrimônio natural e cultural da região.
O roteiro envolve os municípios de Apodi, Baraúna, Felipe Guerra, Martins e Mossoró, e nasce com base em dados que colocam o estado na quarta posição entre os que mais possuem cavernas no país, segundo o Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro. A proposta parte da premissa de que conhecer incentiva a preservar, ampliando o acesso a atrações de natureza, cultura e história com ordenamento e segurança.
O que o roteiro inclui
Além da visitação à Furna Nova, a rota reúne o sítio arqueológico Lajedo de Soledade, em Apodi, com estrutura consolidada para receber visitantes, e a caverna Casa de Pedra, em Martins, localizada no Monumento Natural Estadual Cavernas de Martins, unidade de conservação administrada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte. O percurso integra mirantes, centros históricos e áreas de relevância arqueológica em um circuito regional pensado para complementar outros atrativos do interior potiguar.
Caverna dos Crotes – Felipe Guerra (RN) – Foto: Diego Bento
Pesquisa e ordenamento
Para garantir uma implementação alinhada à legislação ambiental e à capacidade de suporte das cavernas, o ICMBio/Cecav consolidou estudos já existentes e firmou parcerias com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA). O resultado é um roteiro que, desde o lançamento, conta com quatro cavernas e um sítio arqueológico legalizados para uso turístico — um diferencial no cenário brasileiro do espeleoturismo.
Próximas aberturas
Estão em fase final os estudos para liberar a visitação turística em mais duas cavernas: a Caverna da Carrapateira, em Felipe Guerra, e a Furna Feia, no mesmo parque nacional. A previsão é que os novos pontos sejam incorporados ao roteiro em 2026, ampliando a oferta de experiências e a permanência do visitante na região.
Impacto e vozes locais
Para o analista ambiental Diego Bento, chefe da base do ICMBio/Cecav no estado, “o turismo ecológico, se bem planejado e manejado, é uma das principais atividades econômicas realmente sustentáveis, com papel fundamental na conscientização ambiental. Isso é particularmente válido para o espeleoturismo, pois as cavernas são ambientes naturais ao mesmo tempo fascinantes e desconhecidos, que podem ser profundamente impactados por turismo desordenado, mas também têm enorme potencial para despertar curiosidade e conservar”.
Durante o evento de lançamento em Baraúna, a prefeita Divanize Oliveira destacou que a visitação no Parque Nacional da Furna Feia beneficia diretamente restaurantes, pousadas, guias e artesãos, além de impulsionar investimentos em infraestrutura viária. Ela ressaltou ainda a importância da Caatinga e dos sítios arqueológicos protegidos pela unidade de conservação, que “contam a história de milhares de anos e, ao mesmo tempo, olham para o futuro, gerando oportunidades para as próximas gerações”.
Lançamento e educação ambiental
O lançamento oficial do roteiro ocorreu com eventos nos cinco municípios parceiros, quando também foram apresentadas duas publicações voltadas à divulgação científica e à educação ambiental: o livro CaveRNas: o carste potiguar e o cordel ilustrado CaveRNas, ambos do ICMBio/Cecav. As obras integram a estratégia de ampliar o conhecimento sobre o patrimônio espeleológico potiguar e reforçar práticas de uso sustentável.