Na manhã do último sábado (26/07), em Goiânia, o secretário da Saúde de Goiás, Rasível Santos, juntamente com representantes de diversas entidades do setor, estabeleceu a criação de um Fórum Permanente que unirá as esferas pública e privada. O objetivo é monitorar os efeitos da guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos na saúde. Essa iniciativa segue o modelo do comitê montado durante a crise da pandemia de covid-19.
Se a reciprocidade tarifária for implementada, pode-se esperar que o sistema de saúde, tanto público quanto privado, enfrente um acréscimo de custos superior a US$ 3 bilhões anualmente.
O secretário destacou um impacto previsto de US$ 1,6 bilhão para o Sistema Único de Saúde (SUS) e US$ 1,65 bilhão no setor privado. Ele ainda alertou que o estado já está acima do limite de gastos estabelecido pela vinculação constitucional.
Em 2022, os gastos da saúde pública chegaram a 14,31%, enquanto a obrigação mínima é de 12%. Isso representa uma despesa superior a 20% do valor que poderia ser investido inicialmente, afirmou Rasível Santos.
Rasível Santos expressou preocupação sobre como as tarifas poderiam comprometer a operação de unidades de saúde privadas, acarretando em uma sobrecarga ainda maior para o SUS no estado.
Este ano, cinco hospitais encerraram suas atividades, e há relatos de que outros dez estão à beira de fechar. O fechamento de instituições privadas gera um impacto direto no SUS, aumentando a pressão sobre os serviços públicos de saúde.

Aumento de custos
Renato Daher, presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), destacou que os principais temores envolvem os custos de manutenção de equipamentos, insumos e medicamentos voltados para a alta complexidade, que em sua maioria são importados dos Estados Unidos.
Equipamentos de imagem, como ressonâncias magnéticas e tomógrafos, dependem de peças importadas. Isso pode deixar pacientes sem assistência adequada, comentou Daher.
Haikal Helou, presidente do Conselho de Administração da Ahpaceg, apontou que apenas 22% da população goiana possui plano de saúde, sugerindo que o aumento do desemprego e a deterioração econômica poderiam precipitar um colapso na rede pública de saúde.
A iniciativa do secretário e do governador Ronaldo Caiado de reunir todos os envolvidos para discutir os desafios é fundamental, permitindo a busca de soluções que mitiguem os impactos que não controlamos.
Outros setores
Marcelo Reis, presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas de Goiás (Sinfaego), alertou para os possíveis danos que a aplicação de tarifas recíprocas pode trazer, especialmente em medicamentos de alto custo, como os oncológicos, cuja fabricação depende de tecnologia norte-americana.
Medicamentos que tratam doenças raras possuem patentes americanas, dificultando a substituição por outras alternativas.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Rafael Martinez, ressaltou que a falta de insumos pode impactar não apenas a eficiência dos profissionais da saúde, mas também resultar em uma sobrecarga significativa no sistema público e na diminuição de empregos no setor privado.
A reunião contou com a participação de diversas entidades, incluindo:
- Associação dos Hospitais do Estado de Goiás (Aehg),
- Unimed Goiânia,
- Sindicato das Clínicas Radiológicas, Ultrassonografia, Ressonância Magnética, Medicina Nuclear e Radioterapia no Estado de Goiás (Sindimagem),
- Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás (Sindihoesg),
- Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross),
- Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas de Goiás (Coopanest-GO),
- Hospital de Olhos,
- Cerof-UFG,
- Clínica de Esporte,
- Halex Istar,
- Arbas Doles, entre outros.
Tratativas
O secretário Rasível Santos anunciou que, além do diálogo com as entidades de saúde de Goiás, há planos para a criação do fórum permanente e outros métodos de contingência. Ele também afirmou que o governador Ronaldo Caiado está trabalhando para afastar o setor de saúde do impacto das tarifas.
A pauta sobre a questão tarifária será apresentada no próximo fórum de governadores, com a intenção de sensibilizar e obter apoio de outras unidades federativas.