A secretária de Cultura de Goiás, Yara Nunes, criticou duramente a decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de autorizar a implantação do BRT Norte-Sul na Praça Cívica, em Goiânia. Em nota, ela classificou a medida como “um verdadeiro absurdo”, argumentando que a obra compromete a integridade do maior conjunto arquitetônico e urbanístico art déco do estado, tombado pelo próprio instituto.
Segundo a secretária, a intervenção afeta diretamente a preservação do patrimônio cultural. “A Praça Cívica reúne grande parte dos edifícios tombados. Apesar de algumas ponderações do Iphan, houve de fato o comprometimento na leitura do traçado tombado, bem como da riqueza de todo o patrimônio cultural que o compõe”, afirmou Yara Nunes.
Contradições e outros impasses
Yara Nunes também apontou o que considera uma contradição na atuação do órgão federal em Goiás. Ela citou como exemplo a própria sede do Iphan, localizada na Praça Cívica, que passou por reformas com estruturas metálicas e vidro, alterando suas características originais. “É uma contradição evidente e inaceitável para um órgão cuja missão é justamente preservar”, disse.
A secretária relembrou que o governador Ronaldo Caiado já havia questionado a atuação do Iphan, referindo-se às estruturas como “gaiolas construídas no cenário da Praça Cívica”. Além do impacto arquitetônico, Yara criticou o impacto ambiental da obra do BRT, com a retirada de árvores do local.
A titular da Secult Goiás listou outros impasses que, segundo ela, demonstram falta de prioridade do Iphan com o patrimônio goiano. Entre eles, a paralisação da construção do novo Cavalhódromo de Pirenópolis, uma arena multiuso que aguarda liberação do órgão. Ela também mencionou a deterioração da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, na cidade de Goiás, que abriga o Museu de Arte Sacra e apresenta sinais de abandono.
“É um verdadeiro descaso do órgão que deveria defender, preservar e priorizar esse patrimônio, mas escolhe fazer política e atrapalhar a valorização das riquezas goianas”, concluiu a secretária, que também atribuiu as decisões a possíveis interesses políticos, mencionando que a superintendência regional é chefiada por Gilvane Felipe, ex-secretário do governo de Marconi Perillo.