O vazio sanitário em Goiás abre uma janela estratégica no segundo semestre para planejamento da próxima safra e da comercialização de soja, enquanto as exportações brasileiras do grão somaram 64,9 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2025 (alta de 1,2%) e a participação goiana alcançou 8,3 milhões de toneladas (crescimento de 7,8%). No mercado interno, o preço médio em julho ficou em R$ 136,89 por saca, alta de 1,9% ante junho, ainda abaixo dos níveis de 2024, com influência externa de safra robusta nos Estados Unidos e recuperação parcial da Argentina. O tema é central para o agronegócio, comércio exterior e economia regional.
Durante o vazio, produtores são estimulados a reavaliar estratégias de venda, armazenagem e financiamento, considerando variáveis como preços, câmbio, prêmios de exportação e cenário político, fatores que impactam diretamente as margens de comercialização. Em paralelo, indicadores e cotações de referência do setor, como CEPEA/Esalq e CBOT, orientam decisões em um ambiente de forte competição global e sensibilidade a clima, logística e demanda internacional.
Exportações: Goiás amplia participação no complexo soja
O desempenho externo segue firme. O Brasil embarcou 64,9 milhões de toneladas de soja em grão no primeiro semestre de 2025, avanço de 1,2% frente ao mesmo período de 2024. Goiás respondeu por 8,3 milhões de toneladas, alta de 7,8%, reforçando a competitividade do estado nas exportações de commodities agrícolas e sua importância na balança comercial do país.
Nos derivados, o movimento confirma uma mudança de perfil exportador. As vendas externas de farelo de soja do Brasil somaram 11,5 milhões de toneladas no semestre, aumento de 1,1% na comparação anual, segundo o Comex Stat. No mesmo período, Goiás participou com 1,2 milhão de toneladas, com demanda relevante da União Europeia e do Sudeste Asiático. A Alemanha elevou em 15,3% o valor pago por tonelada, intensificando compras do subproduto goiano.
Esse avanço nos derivados corrobora a tendência de maior industrialização da oleaginosa no estado. Com maior oferta de proteína vegetal para nutrição animal, Goiás agrega valor à cadeia local, diversifica mercados e reduz a exposição à volatilidade típica do grão in natura.
Mercado interno e preços
No Brasil, a referência de julho do CEPEA/Esalq apontou preço médio de R$ 136,89 por saca, alta mensal de 1,9%. Apesar da recuperação, as cotações seguem abaixo dos patamares observados em 2024. A combinação de colheita volumosa nos Estados Unidos e da retomada parcial da safra na Argentina mantém os contratos na CBOT pressionados, com reflexos diretos sobre os preços praticados nos portos brasileiros.
Nesse ambiente, produtores e agentes de mercado monitoram bases regionais e diferenciais logísticos, como o indicador da soja na praça de Paranaguá, bem como custos de frete e disponibilidade de armazéns, variáveis que influenciam resultados de comercialização e o planejamento de caixa da safra.
Indicadores e valor da produção
Os gráficos acima reúnem cotações do Indicador da Soja Esalq/BM&FBOVESPA para Paranaguá, estimativas da safra 2024/25, além de projeções do Valor Bruto da Produção da soja (VBP) e o desempenho do complexo soja nas exportações do Brasil e de Goiás. Esses dados auxiliam produtores, cooperativas e tradings na definição de estratégias de hedge, comercialização e ritmo de fixação de preço.
Com o avanço do calendário agrícola e o andamento do vazio sanitário, o alinhamento entre gestão de risco, industrialização e leitura de mercado tende a ser decisivo para capturar oportunidades de preço e reduzir volatilidade na próxima janela de negócios do grão e de seus derivados.