A discussão sobre o futuro energético do planeta ganhou novo impulso durante a pré-COP30, realizada na última terça-feira, 14 de novembro, em Brasília. O economista brasileiro e professor da Universidade Columbia, José Scheinkman, enfatizou a urgência de cessar o uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, para evitar danos irreversíveis à vida no planeta.
Em encontro com jornalistas, Scheinkman articulou que a ideia de que o petróleo está prestes a acabar é uma falácia. “As reservas de petróleo nunca diminuíram efetivamente. Um engenheiro uma vez disse que o pico de produção seria alcançado quando as reservas começassem a cair, mas, ao observar os dados, verifica-se uma estabilidade”, afirmou. Ele alertou que a verdadeira ameaça não é a falta de petróleo, mas o apressado uso das reservas que compromete a saúde do planeta: “A gente vai queimar muito antes do petróleo acabar”.
O economista faz parte de um conselho de especialistas que redige um relatório independente para a presidência da COP30. O documento busca analisar a intersecção entre as mudanças climáticas e a economia, propondo medidas para mitigar os efeitos dessas alterações. Entre as sugestões, está a formação de uma coalizão global para acabar com a emissão de gases de efeito estufa e a implementação de uma transição energética justa.
Uma das propostas discutidas é a necessidade de países desenvolvidos compensarem nações em desenvolvimento por danos decorrentes de crises climáticas. Esta ideia visa garantir um suporte mais eficaz para aqueles mais vulneráveis às mudanças ambientais.
Enquanto os debates se intensificavam no Centro Internacional de Convenções do Brasil, do lado de fora, um grupo de indígenas se mobilizou para exigir atenção urgente às questões climáticas. Jessica Sateré-Mawé, representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), ressaltou a importância da inclusão das vozes tradicionais nas decisões que afetam o futuro do planeta. “Estamos aqui para reivindicar nossa presença e defesa da vida, que inclui a preservação de nossos ecossistemas”, destacou.
No encerramento do evento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, deu início à Sessão Ministerial sobre Clima e Desenvolvimento, onde apresentou o Plano Clima. Essa iniciativa prioriza a justiça climática e propõe investimentos que visem restaurar ecossistemas e fortalecer a resiliência de populações em risco, especialmente aquelas afetadas por desastres naturais. A ministra também enfatizou a necessidade de reformar o sistema global de financiamento climático para atender a essas demandas.