Vladimir Herzog é homenageado em dois documentários que retratam sua trajetória e assassinato pela ditadura militar.

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Vladimir Herzog é homenageado em dois documentários que retratam sua trajetória e assassinato pela ditadura militar.

Os 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog são marcados por dois documentários que retratam sua vida e a repressão da ditadura militar brasileira. As produções foram lançadas em outubro e têm como foco não apenas o legado de Herzog, mas também as práticas opressivas do governo militar.

O primeiro filme, “A Vida de Vlado – 50 anos do caso Herzog”, é uma realização da TV Cultura, emissora onde Herzog atuava como diretor quando foi morto. A estreia ocorreu dentro da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, contando com o apoio do Instituto Vladimir Herzog. Com direção de Simão Scholz e narração do jornalista Chico Pinheiro, o documentário apresenta registros inéditos da vida e obra de Vlado, incluindo slides de um projeto que ele desenvolvia sobre Canudos.

A diretora de jornalismo da TV Cultura, Marília Assef, destaca que o filme incorpora materiais do acervo do Instituto, que permitem um aprofundamento na figura de Herzog. “Os slides recuperados são uma parte crucial do documentário, além das impressionantes contribuições do acervo da TV Cultura”, afirma Assef.

O segundo documentário, “Herzog – O Crime que Abalou a Ditadura”, é produzido pelo Instituto Conhecimento Liberta e foca nos eventos que cercaram o assassinato de Herzog. Segundo a diretora-executiva do Instituto, Márcia Cunha, a narrativa se concentra no período da semana anterior e posterior ao crime, buscando evidenciar a brutalidade do regime militar.

“Escolhemos esse recorte específico para ilustrar as táticas da ditadura, muitas das quais ainda são visíveis em práticas contemporâneas”, explica Cunha, mencionando a utilização de um “gabinete do ódio”. Dada a escassez de imagens documentais da época, o filme traz uma abordagem inovadora, utilizando histórias em quadrinhos para representar eventos sem registro visual. O diretor e roteirista Antônio Farinaci destaca a importância de recriar esses momentos com base em relatos e depoimentos.

Entre os depoimentos que compõem o filme estão contribuições de renomados jornalistas como Dilea Frate, Paulo Markun, Rose Nogueira e Sérgio Gomes, além de Ivo Herzog, filho de Vlado, e João Batista de Andrade, cineasta e roteirista premiado. Essa gama de vozes busca proporcionar uma visão abrangente e crítica do legado deixado por Vladimir Herzog e a situação política do Brasil durante a ditadura.

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