O Brasil se despede de um ícone da música, Arlindo Domingos da Cruz Filho, falecido recentemente. Natural de Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ele nasceu em 14 de setembro de 1958 e cresceu imerso na cultura do samba, que moldou sua trajetória artística.
Início musical
A carreira de Arlindo começou precocemente. Aos sete anos, recebeu seu primeiro cavaquinho e, em sua juventude, já se destacava como músico ao lado de renomados artistas, entre eles Candeia. Mesmo quando ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, o amor pela música nunca o abandonou.
Após deixar sua passagem pela Aeronáutica, Arlindo Duterte se integrou às rodas de samba do Cacique de Ramos, onde fez grandes amizades com artistas como Jorge Aragão, Beth Carvalho, Almir Guineto e Zeca Pagodinho. Foi nesse ambiente fértil de criatividade que recebeu o convite para se juntar ao grupo Fundo de Quintal.
Redefinindo o samba
Durante sua permanência no Fundo de Quintal, o samba passou por uma transformação significativa, ganhando uma sonoridade moderna, mas preservando suas raízes. Arlindo desempenhou um papel fundamental neste movimento, e suas composições se tornaram clássicos na voz de diversos artistas, como Zeca Pagodinho e Alcione. Ele deixou o grupo em 1993, em busca de uma carreira solo.
Com mais de 700 canções creditadas a seu nome, Arlindo Cruz combinava ternura e empatia em suas letras, que abordavam amor, fé e a luta do povo brasileiro. Suas criações capturavam e refletiam o cotidiano de muitos.
Presença no Carnaval
No carnaval carioca, Arlindo era uma presença marcante, admirado nas quadras das escolas de samba, especialmente no Império Serrano. Também era um defensor apaixonado da cultura popular e um torcedor fervoroso do Flamengo.
Fiel às suas crenças e à prática do candomblé, Arlindo Cruz se destacou em sua luta contra a intolerância religiosa, solidificando seu legado como um verdadeiro mestre da música e da vida, inspirando gerações de artistas e admiradores.