Celso Sabino comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sua saída do Ministério do Turismo nesta sexta-feira, 19 de setembro, após um ultimato do União Brasil para a exoneração de todos os cargos ocupados por seus filiados na Esplanada dentro de um prazo de 24 horas. A pressão do partido foi intensificada, antecipando um prazo que inicialmente se estendia até o final do mês, como parte de uma estratégia de ruptura com o governo.
Durante uma reunião de aproximadamente uma hora e meia no Palácio da Alvorada, Sabino confirmou que apresentará formalmente sua carta de demissão na quinta-feira, 25 de setembro, após o retorno de Lula de sua viagem a Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU. O ministro justificou sua decisão com compromissos de agenda previamente agendados até a data mencionada.
Impactos da Saída de Sabino
A saída de Celso Sabino ocorre em um momento crítico sob forte pressão política do União Brasil, que publicou uma normativa interna que institui processos disciplinares para membros que resistirem à ordem de exoneração. Sabino estava à frente do Ministério do Turismo desde julho de 2023 e tinha como objetivo principal fortalecer o papel do turismo na economia nacional, especialmente no contexto de recuperação pós-pandemia.
Entre suas principais iniciativas durante a gestão, destacou-se a promoção de eventos nacionais e internacionais, além de colaborar com estados e municípios para modernizar o ambiente regulatório do setor. Sob sua liderança, houve um aumento significativo nas parcerias com instituições como Embratur e Sebrae, reforçando o desenvolvimento turístico no Brasil.
Conquistas no Setor de Turismo
Um dos marcos da gestão de Sabino foi a preparação para a COP30, que ocorrerá em Belém, sua cidade natal, onde ele enfatizou a necessidade de investimentos em infraestrutura turística e de alinhar sustentabilidade com o desenvolvimento regional. Além disso, ele promoveu ações que resultaram na regulamentação do tempo de limpeza nos hotéis, uma demanda antiga do setor hoteleiro.
A administração de Sabino também focou na articulação de medidas para garantir maior segurança jurídica ao setor, mantendo diálogo próximo com companhias aéreas e operadoras para melhorar a conectividade aérea. Recentemente, o país atingiu uma marca histórica com a chegada de 6.807.707 visitantes estrangeiros até 14 de setembro, alcançando 98,5% da meta estabelecida de 6,9 milhões de turistas internacionais para 2025, conforme o Plano Nacional de Turismo (PNT) 2024-2027.
Sabino também atuou na intensificação da presença do Brasil em feiras internacionais, promovendo iniciativas digitais e investimentos em infraestrutura para diversificar e qualificar os atrativos turísticos do país, visando aumentar a vinda de estrangeiros.
Trajetória Política
Formado em Direito e Administração, Celso Sabino construiu uma carreira política sólida, tendo exercido três mandatos como deputado federal pelo Pará. Como relator da reforma do Imposto de Renda, consolidou-se como uma voz influente em pautas econômicas. Ele é também o autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 3/2021, que trata da blindagem parlamentar, recentemente aprovada pela Câmara dos Deputados, e que promove alterações significativas na imunidade parlamentar.
Essa proposta, que se encontra agora no Senado, reacendeu debates acalorados sobre a transparência e o equilíbrio entre os poderes, com críticos apontando retrocessos e defensores argumentando que fortalece a independência do Legislativo. Com seu perfil conciliador e habilidade em mediar diálogos entre o setor público e privado, Sabino deixa a pasta do Turismo com um legado de aproximação entre diversos segmentos do trade turístico.