O Turismo Religioso no Brasil representa uma intensa expressão da fé popular, atraindo milhões de devotos anualmente. Em 2016, uma pesquisa estimou que cerca de 35 milhões de brasileiros praticavam turismo religioso em 15 destinos, superando os dados oficiais do Ministério do Turismo de 2015, que contavam 17,7 milhões de viajantes e um impacto econômico de R$ 15 bilhões.
Entretanto, mais do que números impressionantes, é fundamental entender o cenário que envolve esse segmento. O Brasil possui um grande potencial no turismo religioso, mas muitos destinos ainda não estão adequadamente preparados, tanto em termos de compreensão espiritual entre guias de turismo e agências quanto em infraestrutura.
Os desafios incluem a carência de políticas públicas voltadas ao turismo religioso, que, unida à falta de uma governança adequada, prejudica o desenvolvimento sustentável dessa prática. Lideranças religiosas e autoridades, por vezes, não reconhecem o Turismo Religioso como uma vivência espiritual, reduzindo-a a meras visitas a igrejas e museus.
Os principais destinos desse segmento incluem Aparecida (SP), Trindade (GO), Juazeiro do Norte (CE), Nova Trento (SC), Belém (PA) e Canindé (CE), além de festas religiosas como o Círio de Nazaré e a Romaria de Nossa Senhora Aparecida. Embora o catolicismo domine o turismo religioso no Brasil, há espaço para outras tradições, como as religiões afro-brasileiras e o Turismo Gospel.
Especialistas apontam que o sucesso do turismo religioso depende do acolhimento aos locais sagrados, da preparação das lideranças e da percepção de que essa experiência é um encontro com o divino. Para potencializar o setor, são necessárias iniciativas como a adoção de Destinos Turísticos Inteligentes (DTIs), investimento em tecnologia, e uma valorização da cultura devocional local.
A profissionalização do setor exige a colaboração entre o Sistema S, universidades e outras instituições, promovendo soluções para aprimorar tanto a gestão pública quanto a experiência oferecida pelas entidades religiosas. O turismo religioso difere do turismo convencional; sua motivação está enraizada na fé e na devoção, e, portanto, deve ser planejado de maneira a respeitar essa essência.
Apesar de seu turismo estar presente durante todo o ano, desvinculando-se das sazonalidades típicas, o setor ainda enfrenta obstáculos estruturais e de integração. Existem equívocos sobre o que é o turismo religioso, frequentemente confundido com simplesmente visitar locais históricos ou religiosos, enquanto sua verdadeira essência reside na vivência espiritual da jornada.
Uma ineficiência recorrente é a construção de espaços religiosos sem diálogo com as comunidades de fé locais, resultando em romarias mal organizadas e falta de cuidado com a segurança e a experiência do peregrino. Muitos locais com grande potencial turístico ainda não conseguem atrair visitantes devido à falta de roteiros integrados e à desconexão com a economia criativa e digitalização.
Esses problemas se agravam quando iniciativas que tentam promover o turismo religioso não têm um entendimento profundo da religiosidade, tratando a experiência como um mero produto comercial. Isso prejudica tanto o crescimento de roteiros quanto a valorização da espiritualidade que motiva milhões de brasileiros.
Dentre as iniciativas que buscam unir o setor, destaca-se o FNDETUR – Fórum Nacional de Turismo Religioso, que, em sua 7ª edição, ocorrerá em novembro em Trindade/GO. O evento reunirá especialistas, gestores e lideranças religiosas para debater o futuro do turismo religioso no Brasil.
O turismo religioso, assim, é uma ponte entre fé, cultura e pertencimento. É mais do que uma simples visita; trata-se de uma jornada interior que merece cuidado, planejamento e, acima de tudo, um entendimento profundo de sua essência espiritual.
Fonte: Reisen Clube
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