A exposição Ancestral: Afro-Américas, atualmente em cartaz no CCBB do Rio de Janeiro, busca celebrar as raízes históricas e laços culturais entre os povos afrodescendentes do Brasil e dos Estados Unidos. Com obras de aproximadamente 160 artistas reconhecidos, a mostra ficará aberta até 1º de setembro e propõe um profundo diálogo no campo das artes visuais.
O espaço expositivo abriga oito salas, apresentando trabalhos de artistas renomados, como Abdias Nascimento e Sonia Gomes. A exposição também destaca obras inéditas de criadores como Gabriela Marinho e Geviane, além de Simone Leigh, que se tornou a primeira mulher afro-americana a representar os Estados Unidos na Bienal de Veneza.
Entre os itens em exibição, um dos destaques é um conjunto de “joias de crioula”, adornos utilizados por mulheres negras que conquistaram a liberdade durante o período colonial brasileiro, especialmente na Bahia. Além disso, a curadoria apresenta uma seleção de arte africana que enriquece ainda mais a experiência da visita.
De acordo com Ana Beatriz Almeida, curadora da mostra, a proposta é celebrar os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países, enfatizando a importância de reconhecer as contribuições das populações afrodescendentes na construção dessas nações: “Essa conexão se baseia em histórias das pessoas trazidas do continente africano, refletindo as rotas das minas e de Angola.”
A exposição é dividida em três eixos temáticos que incentivam reflexões sobre a afirmação do corpo, os sonhos e a luta por espaço. A curadora ressalta a importância da seleção dos artistas:
“O nosso interesse estava em como eles se conectam com suas comunidades e como retratam temas cruciais para a formação dessas culturas.”
A curadora também aponta que a mostra permite uma análise sobre o legado da escravidão nas sociedades contemporâneas. Ana Beatriz Almeida afirma:
“É evidente como as sequelas da escravidão ainda marcam tanto o Brasil como os Estados Unidos, refletindo na vida cotidiana. Eventos como o de George Floyd revelam que o racismo e as consequências da escravidão continuam presentes.”
A exposição Ancestral: Afro-Américas teve sua estreia em São Paulo, na Fundação Armando Álvares Penteado, antes de seguir para o CCBB de Belo Horizonte. Agora, no Rio de Janeiro, a visitação é gratuita e a classificação indicativa é livre.