O Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás realizou neste sábado a quinta edição da Feira Intercultural, com o tema “A Força das Artes e das Narrativas Indígenas”. O evento teve início às 14h, no estacionamento do museu, localizado na Praça Universitária, e reuniu expositores indígenas de diversas regiões do país, incluindo povos do Araguaia-Tocantins, Xingu, Minas Gerais e Rondônia.
Mais de 60 expositores participaram da feira, apresentando e comercializando artesanato, arte tradicional, alimentos, vestimentas, instrumentos, além de dialogar com o público sobre a cultura e os saberes indígenas. A feira teve como foco o fortalecimento da interculturalidade e da autonomia econômica dos povos originários dentro de um espaço universitário.
A organização do evento foi conduzida pelo Museu Antropológico em parceria com o Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena da UFG. O apoio institucional veio da FUNAPE, do Sindicato dos Docentes da UFG (Adufg) e de diversos coletivos culturais e educacionais que atuam na cidade.
A programação contou com uma oficina de observação de pássaros, conduzida por um coletivo ambiental local, que apresentou espécies típicas da fauna urbana do cerrado e discutiu a preservação ecológica.
O público também pôde participar da pintura corporal com grafismos indígenas tradicionais, sempre respeitando os significados e as orientações dos povos envolvidos. Uma apresentação cênica da Companhia Senhoras do Cerrado, formada por mulheres com mais de 60 anos, abordou memórias e ancestralidades femininas com recorte social.
Na parte musical, o evento contou com discotecagem do DJ Pacote, que mesclou músicas de matriz africana, indígena e brasileira. O encerramento ficou por conta da cantora Aridan, com repertório baseado em samba e música popular brasileira.
A cobertura foi feita pelo programa Estradas e Lentes e pelo Portal ANP, que registraram os principais momentos da feira. As equipes acompanharam os expositores, entrevistaram participantes e captaram imagens dos processos culturais e das dinâmicas comunitárias no espaço.
A feira homenageou a professora Eunice Tapuia, a primeira mulher indígena efetiva como docente da UFG, referência em educação indígena no estado. Sua trajetória é considerada base simbólica e pedagógica para a realização da Feira Intercultural, sendo citada por organizadores e expositores ao longo do evento.
A ação fez parte do projeto “Museu e Sociedade: diálogos interculturais e ações educativas”, promovido pelo Museu Antropológico, com o objetivo de conectar a produção acadêmica à realidade dos povos indígenas, quilombolas e tradicionais que vivem no Centro-Oeste e em outras regiões brasileiras.
Além da feira, o museu segue com atividades educativas durante todo o mês. Está em cartaz a exposição permanente “Lavras e Louvores”, com visitação de terça a sexta. Também está disponível uma mostra virtual dedicada à pesquisadora indígena Edna Luísa de Melo Taveira. A Cia. Senhoras do Cerrado realiza ensaios abertos nas tardes dos dias 21 e 28 de julho. O Encontro Poético, em sua quinta edição, acontece no dia 29 de julho, às 19h, com participação de artistas e mediadores convidados.
A Feira Intercultural consolidou-se, ao longo das edições, como uma ação pública de resistência e valorização das culturas indígenas no ambiente acadêmico. O evento reafirma o compromisso da universidade pública com a diversidade cultural e com a escuta ativa das vozes originárias.