No último dia 24 de agosto, o município de Ouro Verde (GO), na zona rural, foi palco de uma das mais tradicionais manifestações culturais brasileiras: a Folia de Reis. Realizada há mais de 33 anos sob a liderança de Tino da Folia, a celebração reafirma a força de uma prática que, mesmo sem reconhecimento nacional pelo IPHAN, já é considerada Patrimônio Cultural Imaterial em diversos municípios e estados.
Mais do que um evento religioso, a Folia é um encontro de gerações, fé e partilha comunitária, transmitido de pais para filhos e carregado de simbolismo.
Acolhimento e devoção: o almoço da Folia
A festa teve início às 11h da manhã, mas desde cedo a movimentação já era intensa. Nas cozinhas, as mãos habilidosas das cozinheiras da comunidade trabalhavam sem descanso para preparar o tradicional almoço da Folia, momento central da celebração.
O almoço, mais do que alimento, é ato de devoção: o festeiro abre sua casa em agradecimento ou cumprimento de promessa, oferecendo fartura a foliões e visitantes. Nesta edição, os anfitriões foram Heberson e Oliene, que montaram toda a estrutura para acolher a comunidade local.
No cardápio, pratos típicos da roça e cheios de memória afetiva: arroz, tutu de feijão, almôndegas, carne de porco de lata, frango, batatas, saladas e doces tradicionais de Goiás. Tudo servido em clima de união, partilha e espiritualidade.
Tradição que resiste
Durante a festa, os cânticos da companhia de Folia, as rezas, a presença do palhaço — personagem emblemático que mistura devoção e alegria — e a fé dos foliões marcaram o encontro. Muitos deles cumprem promessas ao participar do giro da Folia, mantendo viva a tradição que atravessa o tempo.
Para o idealizador do evento, sr. Tino da Folia, a continuidade da celebração é um compromisso com a memória e a identidade cultural de Goiás:
“A festa é uma tradição que não pode ser apagada, nem esquecida. Ela fortalece os laços dessa cultura que nós temos em Goiás, e já vem de tradição familiar. É motivo de muita alegria poder trazer essa festa maravilhosa, que veio do meu pai, junto com a minha família e parceiros que me ajudam a mantê-la viva.”
Ao final, sr. Tino também convidou toda a comunidade para o encerramento da Folia no dia 30, em sua fazenda, prometendo “forrozeiros, música, comida boa e muita alegria”.
Registro e valorização
A equipe do Portal ANP e do projeto Estradas e Lentes esteve presente, a convite da Comissão de Turismo da Alego, realizando a cobertura do evento e colaborando para dar visibilidade a essa tradição tão representativa da cultura popular goiana.