Por Rose Oliveira – Acontece no País
Enquanto o Brasil ainda trava uma guerra pesada contra o desmatamento, Goiás aparece no radar como um exemplo real de que é possível mudar o jogo. De agosto de 2023 a julho de 2024, o estado conseguiu reduzir em quase 50% a área desmatada — uma queda de 48,8%, segundo o monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Em números práticos, foram 411,9 km² de vegetação nativa derrubada, contra 804,3 km² no período anterior. E esse não é só um bom número no papel: é a menor taxa registrada desde 2001.
Esse dado coloca Goiás em destaque no bioma Cerrado, ficando atrás apenas do Distrito Federal e da Bahia em termos de redução percentual. Enquanto isso, outros estados como São Paulo e Paraná, que costumavam apresentar índices mais controlados, viram o desmatamento crescer.
Mas o que está por trás dessa mudança? Não foi mágica. O estado apostou em ações concretas: ampliação de fiscalização, uso pesado de tecnologia via satélite, desburocratização no licenciamento ambiental e um pacto firmado com o setor produtivo para eliminar o desmatamento ilegal até 2030. O licenciamento, que antes podia levar anos para sair, hoje é emitido em até 45 dias.
Além disso, 100 novos servidores foram contratados para reforçar as equipes técnicas da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Isso possibilitou respostas mais rápidas a denúncias e maior presença em campo, o que, na prática, inibe a ação de quem tenta avançar ilegalmente sobre áreas protegidas.
Esse novo cenário mostra que, sim, é possível preservar e desenvolver ao mesmo tempo. Mas mais do que isso: mostra que o discurso de “progresso a qualquer custo” está, aos poucos, perdendo espaço para uma mentalidade que entende o Cerrado como ativo estratégico — não como barreira.
Goiás, que por anos esteve na linha de frente da destruição silenciosa do Cerrado, agora se posiciona como um dos protagonistas na sua proteção. E que sirva de espelho para os outros estados: é possível virar a chave.