Um incêndio de grandes proporções atinge desde o último sábado (30) a região turística de Pirenópolis, em Goiás, consumindo até esta terça-feira (3) cerca de 4,3 mil hectares de vegetação nativa. A cidade, reconhecida nacionalmente por suas trilhas e cachoeiras, enfrenta dificuldades para conter o avanço das chamas, que ameaçam áreas de preservação ambiental e atrativos turísticos importantes.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO), o fogo começou na região conhecida como Cidade de Pedra. O combate às chamas é dificultado por ventos fortes, vegetação densa e relevo acidentado, fatores que ampliam a velocidade de propagação e tornam arriscada a atuação em campo.
Mobilização
Estão envolvidas no combate guarnições do 17º Batalhão Bombeiro Militar (17º BBM), sediado em Pirenópolis, além de reforços de Anápolis e da Força-Tarefa Especializada em Incêndios Florestais. As operações utilizam tanto estratégias de combate direto e indireto quanto apoio aéreo, empregado para transporte de equipes e mapeamento das áreas atingidas.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que o incêndio não atinge o Parque Estadual dos Pireneus (PEP), unidade de conservação sob sua gestão. No entanto, quatro bombeiros lotados no PEP foram deslocados para reforçar os trabalhos. A pasta também esclareceu que, até o momento, não há focos de incêndio em nenhuma das 14 unidades de conservação de proteção integral do Estado.
Cachoeiras interditadas
Por conta dos riscos, três cachoeiras chegaram a ser interditadas: Cachoeira da Laje, Cachoeira do Lobo e Cachoeira dos Dragões. As duas primeiras foram reabertas já na segunda-feira (1º), enquanto a Cachoeira dos Dragões permanece interditada nesta terça (3).
Outros atrativos turísticos, como as cachoeiras Araras, Veredas, São Jorge, Paraíso e Rosário, estão sob constante monitoramento, e novas interdições preventivas poderão ocorrer caso o incêndio avance.
Nota da Semad e crime ambiental
Em nota, a Semad destacou que provocar incêndios florestais é crime. O Estado já publicou duas normativas recentes sobre o tema: uma que suspende o uso do fogo em vegetação até o fim do período de estiagem, e outra que define os parâmetros de responsabilização administrativa para os autores de queimadas ilegais.
Segundo a secretaria, quem causar incêndio será obrigado a recuperar até três hectares para cada hectare degradado. A medida busca ampliar a responsabilização e reforçar a necessidade de preservação ambiental em Goiás, especialmente em regiões de grande valor ecológico e turístico, como Pirenópolis.
Situação em alerta
O CBMGO mantém equipes em ação, avaliando diariamente as áreas críticas e definindo novas estratégias de contenção. A corporação orienta moradores e turistas a não se aproximarem das regiões afetadas e reforça a importância de acionar o 193 em casos de emergência.
Enquanto o fogo não é controlado, Pirenópolis vive dias de tensão, com parte de sua natureza — um dos principais atrativos da cidade — sob ameaça das chamas.