Evento em São Paulo discute o impacto das mudanças climáticas nos Povos do Xingu
A cidade de São Paulo sedia, até o dia 6 de setembro, uma série de eventos focados nas consequências das mudanças climáticas na identidade dos Povos do Xingu. Dentre os participantes, destacam-se as mulheres ceramistas do povo Wauja, originário do norte de Mato Grosso.
Durante esta semana, acontece uma programação variada que inclui contação de histórias, diálogos e oficinas que visam compartilhar saberes tradicionais e elucidar os impactos ambientais nos territórios indígenas. No dia 3 de setembro, o Museu das Culturas Indígenas receberá uma oficina de cerâmica, enquanto as atividades continuam nos dias 4 e 5 de setembro no Sesc Consolação.
A ceramista Yakuwipú Wauja, que aprendeu a arte da cerâmica com sua mãe e tias, expressou sua preocupação com a escassez do cauxi, um tipo de coral essencial para a confecção de suas peças. Essa redução na disponibilidade de matéria-prima, segundo a artista, é uma consequência direta das alterações climáticas.
“Com isso que a gente prepara os alimentos e troca essa panela grande, o tacho, para fazer biju. Fazemos isso em troca de serviços de pajé e raizeiros. Quando há parteiros, também trocamos”, afirmou Yakuwipú.
Quase 500 mulheres Wauja possuem o conhecimento da cerâmica tradicional, mas o desmatamento nas proximidades de seus territórios é uma constante preocupação para a etnia. Com a COP30 programada para novembro em Belém, Pará, Yakuwipú expressou seu desejo de que as autoridades reconheçam e respeitem os Povos do Xingu.
“Nós não estamos lá para atrasar o desenvolvimento do Brasil. Estamos contribuindo e queremos nossa voz ouvida e respeitada”, ressaltou a ceramista, enfatizando a importância do diálogo entre indígenas e não-indígenas.
A entrada nos três dias de evento é gratuita. Para mais detalhes sobre a programação, o público pode consultar o Museu das Culturas Indígenas e o Instituto Socioambiental.