A madrugada de 2 de dezembro expôs novamente a gravidade da intolerância religiosa no Brasil. O Ilê Obá Òfuurufú Àṣẹ Afééfé Ayò, em Goianira, foi alvo de um ataque criminoso que colocou em risco a integridade física e emocional de quem vive e pratica sua fé no local. Uma pessoa encapuzada, registrada por câmeras, ateou fogo à estrutura enquanto membros da casa dormiam. O incêndio danificou paredes, teto e áreas internas, reforçando a vulnerabilidade que terreiros enfrentam há décadas.
O posicionamento das entidades culturais, coletivos, lideranças religiosas e movimentos sociais foi imediato e contundente. A avaliação é unânime: trata-se de um ato de racismo religioso. Um ataque que ultrapassa o patrimônio material e atinge diretamente a dignidade, a segurança e o direito constitucional à liberdade religiosa.
O Ilê, reconhecido como espaço de convivência comunitária, tradição e acolhimento, tornou-se alvo de uma violência que não pode ser minimizada. O episódio se soma a uma série de ocorrências envolvendo casas de matriz africana no país e aponta para um padrão de agressões que se repetem com frequência preocupante.
As organizações que se manifestaram exigem investigação qualificada, identificação dos responsáveis e responsabilização efetiva. Destacam que a impunidade em casos anteriores contribui para a continuidade desses ataques e reforçam que o poder público precisa tratar episódios como este com a seriedade que exigem.
A mobilização coletiva pede que terreiros, casas de axé, grupos culturais e aliados mantenham a visibilidade do caso, denunciem e pressionem para que o processo não seja arquivado ou negligenciado. A defesa da liberdade religiosa não é opcional: é uma obrigação legal e social.
O ataque ao Ilê Obá Òfuurufú Àṣẹ Afééfé Ayò evidencia que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir segurança e respeito às tradições afro-brasileiras. O caso reforça a urgência de políticas públicas e ações concretas que assegurem a integridade desses espaços e de seus praticantes.
O fato é grave. A resposta da sociedade civil está dada. Agora, espera-se a mesma seriedade das instituições responsáveis pela investigação e pela proteção dos direitos fundamentais.

