A Serra do Gandarela, em Minas Gerais, é uma das últimas áreas preservadas de mata atlântica de altitude no estado. O local abriga uma enorme reserva de água subterrânea, formações geológicas únicas e poços naturais como o Poço do Funil e o Poço da Pedra, no Ribeirão da Prata — todos de alta importância ambiental, turística e hídrica.
Essas áreas estão ameaçadas pelo avanço do Projeto Apolo, de responsabilidade da mineradora Vale.
Mesmo com a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, uma parte estratégica do território — justamente onde estão nascentes e aquíferos — ficou de fora da área protegida. É nessa região que a Vale pretende instalar uma grande mina de ferro.
A atividade mineradora pode provocar impactos graves e irreversíveis: rebaixamento de aquíferos, contaminação da água, destruição da vegetação e alteração da paisagem. Os poços naturais, procurados por moradores e visitantes, podem perder volume, qualidade ou simplesmente deixar de existir.
O Ribeirão da Prata, responsável por abastecer parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, também pode ser afetado. Especialistas apontam que a presença de minério não pode ser mais importante do que a manutenção das nascentes que garantem o abastecimento de água de milhares de pessoas.
A região da Gandarela é valiosa por sua função ecológica, pelo patrimônio hídrico e pelo potencial de uso sustentável. A implantação do Projeto Apolo levanta uma questão urgente: até que ponto é aceitável modificar um ecossistema raro e produtivo para extrair minério?
A Vale, já associada a outros grandes desastres ambientais, agora mira uma região frágil, rica em água e biodiversidade. A população acompanha, com preocupação, o risco de perder um patrimônio natural que não pode ser recriado depois.