Em 2024, 48% das indústrias brasileiras implementaram ações voltadas ao uso de energia limpa, registrando um aumento de 14% em comparação ao ano anterior, quando apenas 34% das empresas realizavam investimentos em fontes renováveis como energia hídrica, eólica, solar, biomassa ou hidrogênio de baixo carbono. Essa informação é resultado de um levantamento encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao instituto Nexus.
A pesquisa, que entrevistou mil executivos de indústrias de diversos portes e regiões do Brasil entre outubro e novembro de 2024, aponta para um cenário crescente de comprometimento com a sustentabilidade no setor industrial. Davi Bomtempo, Superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, destaca que as características geográficas e climáticas do Brasil favorecem seu papel no mercado internacional.
“O Brasil hoje tem as vantagens comparativas. Ou seja, temos uma matriz elétrica e energética bastante limpa, temos uma indústria que consome energia, mas emite pouco gás de efeito estufa, somos o segundo maior produtor de biocombustíveis, maior biodiversidade do mundo, 20%, 15% só na Amazônia. Grande quantidade de água. Então, esses fatores vão colaborar para o desenvolvimento do nosso país. A grande questão é como transformar essas vantagens comparativas em competitividade e, dessa forma, acessar mercados internacionais”, enfatiza Bomtempo.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) também contribui para esse panorama, informando que mais de 90% da matriz elétrica brasileira é composta por fontes renováveis, com a energia hídrica, eólica e biomassa se destacando como as principais.
O Nordeste se evidencia como a região com maior taxa de adoção de práticas sustentáveis, com 6 em cada 10 indústrias promovendo ações nesse sentido. No Norte e Centro-Oeste, a taxa é de 56%; no Sul, 53%; enquanto no Sudeste, apenas 39% das indústrias investem em energia limpa.
Davi Bomtempo acrescenta que as condições naturais do Nordeste, como o sol e o vento abundantes, contribuem significativamente para esses investimentos. “Temos no Nordeste sol, temos vento. Todos esses fatores contribuem bastante para o desenvolvimento desse tipo de energia. Então você vê grandes investimentos sendo direcionados principalmente para aquela região do Ceará, região do Piauí, onde os investimentos estão sendo mapeados, principalmente aqueles internacionais”, explica.
O estudo da CNI demonstra que o principal objetivo das indústrias ao investirem em energia limpa é a redução de custos, com um foco crescente na autoprodução sustentável.